sexta-feira, 29 de julho de 2011

O QUE É HIPERATIVIDADE

A hiperatividade, denominada na medicina de desordem do déficit de atenção, pode afetar crianças, adolescentes e até mesmo alguns adultos. Os sintomas variam de brandos a graves e podem incluir problemas de linguagem, memória e habilidades motoras.Embora a criança hiperativa tenha muitas vezes uma inteligência normal ou acima da média, o estado é caracterizado por problemas de aprendizado e comportamento. Os professores e pais da criança hiperativa devem saber lidar com a falta de atenção, impulsividade, instabilidade emocional e hiperativa incontrolável da criança.A criança hiperativa pode ter muitos problemas. Apesar da "dificuldade de aprendizado", essa criança é geralmente muito inteligente. Sabe que determinados comportamentos não são aceitáveis. Mas, apesar do desejo de agradar e de ser educada e contida, a criança hiperativa não consegue se controlar. Pode ser frustrada, desanimada e envergonhada. Ela sabe que é inteligente, mas não consegue desacelerar o sistema nervoso, a ponto de utilizar o potencial mental necessário para concluir uma tarefa.Toda criança hiperativa traz consigo o Déficit de Atenção, mas nem toda criança com Déficit de Atenção é necessariamente hiperativa.Algumas características:· Freqüentemente não presta atenção a detalhes ou comete erros por omissão em atividades escolares, de trabalho ou outras;· Com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas;· Com freqüência parece não ouvir quando lhe dirigem a atenção;· E facilmente distraído por estímulos externos alheios às tarefas;· Freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na carteira;· Freqüentemente abandona sua carteira na sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que permaneça sentado;. Fala em demasia;· Está freqüentemente a ‘mil’ ou muitas vezes age como se estivesse a ‘todo vapor’.O diagnóstico da Hiperatividade é médico. Feito o diagnóstico a criança deve ser encaminhada a um psicopedagogo e conforme o caso também a um psicólogo.

POR CLARICE LISPECTOR


“Então escrever é o modo de quem tem a palavra como isca: a palavra pescando o que não é palavra. Quando essa não-palavra – a entrelinha – morde a isca, alguma coisa se escreveu. Uma vez que se pescou a entrelinha, poder-se-ia com alívio jogar a palavra fora”.

GABRIEL GÁRCIA MÁRQUEZ

Acabavam de celebrar as bodas de ouro matrimoniais, e não sabiam viver um instante sequer um sem o outro, ou sem pensar um no outro, e o sabiam cada vez menos à medida que recrudescia a velhice. Nem ele nem ela podiam dizer se essa servidão recíproca se fundava no amor ou na comodidade, mas nunca se haviam feito a pergunta com a mão no peito, porque ambos tinham sempre preferido ignorar a resposta!”

Gabriel Garcia Marquez, em “O Amor nos Tempos do Cólera”
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“Acabou pensando nele como jamais imaginara que se pudesse pensar em alguém, pressentindo-o onde não estava, desejando-o onde não podia estar, acordando de súbito com a sensação física de que ele a contemplava na escuridão enquanto ela dormia, de maneira que na tarde em que sentiu seus passos resolutos no tapete de folhas amarelas da pracinha custou a crer que não fosse outro embuste da sua fantasia”

Gabriel Garcia Marquez, em “O Amor nos Tempos do Cólera”
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“Ambos eram conscientes de ter tão poucas coisas em comum que nunca sentiam-se mais sozinhos que quando estavam juntos, mas nenhum dos dois havia se atrevido a magoar os encantos do hábito. Precisaram de uma comoção nacional para perceber, ao mesmo tempo, o quanto haviam se odiado, e com quanta ternura, durante tantos anos”

Gabriel Garcia Marquez, em “O Amor nos Tempos do Cólera”
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“Ele tinha consciência de que não a amava. Casara-se porque gostava da sua altivez, sua seriedade, sua força e também por um tico de vaidade, mas enquanto ela o beijava pela primeira vez teve a certeza de que não haveria nenhum obstáculo para inventar um bom amor. Não falaram a respeito nessa primeira noite em que falaram de tudo até o amanhecer, nem falariam nunca. Mas de um modo geral, nenhum dos dois se equivocou”

Gabriel Garcia Marquez, em “O Amor nos Tempos do Cólera”
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- “No curso dos anos ambos chegaram por caminhos diferentes à conclusão sábia de que não era possível morar juntos de outro modo, nem se amarem de outro modo: nada neste mundo era mais difícil do que o amor”

- “E estava convencido na solidão de sua alma de haver amado em silêncio muito mais do que alguém jamais amara neste mundo”

- “Hoje, ao vê-lo, descobri que só nos unia uma ilusão”

- “É feio e triste – disse a Fermina Daza – mas é todo amor”

- “Aproveite agora que você é jovem para sofrer o mais que puder – lhe dizia – que estas coisas não duram toda a vida”

- “Aparecia como aquilo que era: uma armadilha da felicidade que o entediava e atraía ao mesmo tempo, mas da qual era impossível escapar”

- “Nem ele nem ela tinham vida para nada que não fosse pensar no outro, para sonhar com o outro, para esperar as cartas com a mesma ansiedade com que as respondiam”

Gabriel Garcia Marquez, em “O Amor nos Tempos do Cólera”

JOÃO GUIMARÃES ROSA

“Também, não sei: Eu hoje cansei… Vem um dia em que a gente fica frouxo e arreia…”

“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre no meio da tristeza! Só assim de repente, na horinha em que se quer, de propósito – por coragem. Será? Era o que eu às vezes achava. Ao clarear do dia.”

João Guimarães Rosa

POR HILDA HILST

“Se o tempo no teu rosto te cobrisse de rugas, se tivesse a dura e adocicada comunhão com as coisas, talvez sim tu serias mais bela porque o rosto adquire a refulgência e dor e maravilha e matéria de tudo o que te rodeia te penetra, e ao invés de gastares teu ouro no apagar das linhas finas e dos sulcos, tu te tocarias amante, mansa, sabendo que o vestígio de todas as solidões se fez presença no teu rosto, que o sofrido da água é cicatriz agora ao redor da tua boca, que tomaste para tua fronte a linha funda da pedra.”

Hilda Hilst

QUEM SOU EU FAZ A DIFERENÇA

Uma professora de determinado colégio decidiu homenagear cada um dos seus formandos dizendo-lhes da diferença que tinham feito em sua vida de mestra. Chamou um de cada vez para frente da classe. Começou dizendo a cada um a diferença que tinham feito para ela e para os outros da turma. Então deu a cada um uma fita azul, gravada com letras douradas que diziam: “Quem Eu Sou Faz a Diferença“…

Mais adiante, resolveu propor um Projeto para a turma, para que pudessem ver o impacto que o reconhecimento positivo pode ter sobre uma comunidade. Deu aos alunos mais três fitas azuis para cada um, com os mesmos dizeres, e os orientou a entregarem as fitas para as pessoas de seu conhecimento que achavam que desempenhavam um papel diferente. Mas que deveriam poder acompanhar os resultados para ver quem homenagearia quem, e informar esses resultados à classe ao fim de uma semana.

Um dos rapazes procurou um executivo iniciante em uma empresa próxima, e o homenageou por tê-lo ajudado a planejar sua carreira. Deu-lhe uma fita azul, pregando-a em sua camisa. Feito isso, deu-lhe as outras duas fitas dizendo: “Estamos desenvolvendo um projeto de classe sobre reconhecimento, e gostaríamos que você escolhesse alguém para homenagear, entregando-lhe uma fita azul, e mais outra, para que ela, por sua vez, também possa homenagear a uma outra pessoa, e manter este processo vivo. Mas depois, por favor, me conte o que perceber ter acontecido.”

Mais tarde, naquele dia, o executivo iniciante procurou seu chefe, que era conhecido, por sinal, como uma pessoa de difícil trato. Fez seu chefe sentar, disse-lhe que o admirava muito por ser um gênio criativo. O chefe pareceu ficar muito surpreso. O executivo subalterno perguntou a ele se aceitaria uma fita azul e se lhe permitiria colocá-la nele. O chefe surpreso disse: É claro. Afixando a fita no bolso da lapela, bem acima do coração, o executivo deu-lhe mais uma fita azul igual e pediu: Leve esta outra fita e passe-a a alguém que você também admira muito. E explicou sobre o projeto de classe do menino que havia dado a fita a ele próprio.

No final do dia, quando o chefe chegou a sua casa, chamou seu filho de 14 anos e o fez sentar-se diante dele. E disse: “A coisa mais incrível me aconteceu hoje. Eu estava na minha sala e um dos executivos subalternos veio e me deu uma fita azul pelo meu gênio criativo. Imagine só! Ele acha que sou um gênio! Então me colocou esta fita que diz que “Quem Eu Sou Faz a Diferença”. Deu-me uma fita a mais pedindo que eu escolhesse alguma outra pessoa que eu achasse merecedora de igual reconhecimento. Quando vinha para casa, enquanto dirigia, fiquei pensando em quem eu escolheria e pensei em você.

Gostaria de homenageá-lo. Meus dias são muito caóticos e quando chego em casa, não dou muita atenção a você. Às vezes grito com você por não conseguir notas melhores na escola, e por seu quarto estar sempre uma bagunça. Mas por alguma razão, hoje, agora, me deu vontade de tê-lo à minha frente.
Simplesmente, sabe, para dizer a você, que você faz uma grande diferença para mim. Além de sua mãe, você é a pessoa mais importante da minha vida. Você é um grande garoto filho, e eu te amo!

O menino, pego de surpresa, desandou a chorar convulsivamente sem parar. Ele olhou seu pai e falou entre lágrimas: Pai, poucas horas atrás eu estava no meu quarto e escrevi uma carta de despedida endereçada a você e à mamãe, explicando porque havia decidido suicidar e lhes pedindo perdão. Pretendia me matar enquanto vocês dormiam. Achei que vocês não se importavam comigo. A carta está lá em cima, mas acho que afinal, não vou precisar dela mesmo. Seu pai foi lá em cima e encontrou uma carta cheia de angústia e de dor.

O homem foi para o trabalho no dia seguinte completamente mudado. Ele não era mais ranzinza e fez questão de que cada um dos seus subordinados soubesse a diferença que cada um fazia. O executivo que deu origem a isso ajudou muitos outros a planejarem suas carreiras e nunca esqueceu de lhes dizer que cada um havia feito uma diferença em sua vida. Sendo um deles o filho do próprio chefe.

A conseqüência desse projeto é que cada um dos alunos que participou dele aprendeu uma grande lição.De que “Quem Você É Faz sim, uma Grande Diferença”. Continue a sua vida como você acha que está bom para você. Simplesmente sorria, pois quem você é na vida de alguém faz muita diferença, e eu queria que você soubesse disso. E, que faças de todos os dias de sua vida, um verdadeiro hino de Amor a tudo e a todos, Ame simplesmente por Amar.

Eis aqui a sua fita azul, você faz a diferença!

Tenha um excelente dia!!

RECOMEÇAR - Carlos Drummond de Andrade

recomecar

Não importa onde você parou,
em que momento da vida você cansou,
o que importa é que sempre é possível e
necessário “Recomeçar”.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo,
é renovar as esperanças na vida, e o mais importante:
acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
foi aprendizado.
Chorou muito?
foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
é porque fechaste a porta até para os anjos.
Acreditou que tudo estava perdido?
era o início da tua melhora.

Pois é, agora é hora de reiniciar,de pensar na luz,
de encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Que tal um corte de cabelo arrojado, diferente?
Um novo curso, ou aquele velho desejo de aprender a
pintar, desenhar, dominar o computador,
ou qualquer outra coisa…

Olha quanto desafio, quanta coisa nova nesse mundão de meu Deus te
esperando.

Tá se sentindo sozinho?
Besteira…tem tanta gente que você afastou com o
seu “período de isolamento”…
tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu
para “chegar” perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza
nem nós mesmos nos suportamos,
ficamos horríveis…
O mau humor vai comendo nosso fígado,
até a boca fica amarga.

Recomeçar…hoje é um bom dia para começar novos
desafios.
Onde você quer chegar?Ir alto? Sonhe alto. Queira o
melhor do melhor, queira coisas boas para a vida, pensando assim
trazemos prá nós aquilo que desejamos. Se pensamos pequeno,
coisas pequenas teremos…
já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente
lutarmos pelo melhor,
o melhor vai se instalar na nossa vida.
E é hoje o dia da faxina mental…
Joga fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho
de coisas tristes: fotos, peças de roupa, papel de bala, ingressos de
cinema, bilhetes de viagens, e toda aquela tranqueira que guardamos
quando nos julgamos apaixonados…

Jogue tudo fora! Mas principalmente, esvazie seu coração. Fique pronto para a vida, para um novo amor. Lembre-se: “somos apaixonáveis”. Somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes, afinal de contas – Nós somos o “Amor”.

AS TRÊS ÁRVORES


Havia no alto de uma montanha três árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes.

A primeira olhando as estrelas disse:

– Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros.

A segunda, olhando o riacho suspirou:

– Eu quero ser um navio grande para transportar reis e rainhas.

A terceira, olhou o vale e disse:

– Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas ao olharem para mim levantem os olhos e pensem em Deus.

Muitos anos se passaram e, certo dia, três lenhadores cortaram as árvores que estavam ansiosas em ser transformadas naquilo que sonhavam. Mas os lenhadores não costumavam ouvir ou entender de sonhos… Que pena…

A primeira árvore acabou sendo transformada em um cocho de animais coberto de feno.

A segunda virou um simples barco de pesca, carregando pessoas e peixes todos os dias.

A terceira foi cortada em grossas vigas e colocada de lado num depósito.

Então, desiludidas e tristes, as três perguntaram:

– Por que isso?

Entretanto, numa bela noite, cheia de luz e estrelas, uma jovem mulher colocou seu bebê recém-nascido naquele cocho de animais e, de repente, a primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo.

A segunda árvore estava transportando um homem que acabou por dormir no barco em que se transformara. E quando a tempestade quase afundou o barco, o homem levantou-se e disse:

– Paz!

E num relance, a segunda árvore entendeu que estava transportando o rei do céu e da terra.

Tempos mais tarde, numa sexta feira, a terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado nela. Logo sentiu-se horrível e cruel.

Mas logo no domingo seguinte, o mundo vibrou de alegria. E a terceira árvore percebeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de seu filho ao olharem para ela.

As árvores haviam tido sonhos e desejos, mas, sua realização foi mil vezes maior do que haviam imaginado.

MORAL: Quando as coisas não parecem estar acontecendo da maneira que você gostaria, tenha sempre a certeza de que Deus tem outros planos para você. Cada uma das árvores teve o que desejava, mas não da forma que imaginou. Não sabemos dos planos que Deus tem para nós, sabemos apenas que Seus caminhos podem não ser os nossos, mas são sempre os melhores!

ISAIAS 55.8,9 diz:

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como o céu é mais alto do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos.”

A POMBA E A FORMIGA

Uma pombinha branca, que estava com sede, desceu à beira de um riacho. Procurava um bom lugar para beber água. Eis que avista uma formiguinha debatendo-se nas águas do riacho, prestes a se afogar.

A pombinha ficou com pena da formiga. Depressa, apanhou um galho seco, levou-o até próximo à formiga que se salvou, agarrando-se nele com vontade.

Pouco depois, um caçador passou por ali. Vendo a pombinha numa árvore, resolveu caçá-la para o almoço. Rapidamente apontou a espingarda para matar a pobrezinha.

Mas a formiga, que ainda estava ali perto, resolveu ajudar a pombinha. Subiu no pé do caçador e deu uma boa ferroada. Surpreso, o caçador ao sentir a dor, perdeu a pontaria. E não acertou a pombinha.

A pombinha voou para longe e a formiga voltou ao seu formigueiro.

MORAL: AMOR COM AMOR SE PAGA

O HOMEM E O LEÃO - Fábulo de Esopo

Uma vez um homem e um leão estavam viajando juntos. Eles começaram a discutir sobre quem, dos dois, era o mais corajoso e o mais forte. Quando o ânimo de ambos começou a esquentar, eles passaram defronte a uma estátua de pedra que explicitava um leão sendo estrangulado por um homem.

“Olha para isso!” exclamou o homem. “Há, por acaso, alguma prova mais inegável de nossa superioridade que essa?”

“Essa é a sua versão da história”, respondeu o leão. “Se nós fossemos os escultores, haveria vinte homens debaixo da pata de um único leão”.

Moral: A história é escrita pelos vencedores.

O LOBO E A SUA SOMBRA

Um Lobo saiu de sua toca num fim de tarde, bem disposto e com grande apetite. E enquanto ele corria, a luz do sol poente batia sobre seu corpo, fazendo sua sombra aparecer refletida no chão.

Então ele viu aquela sombra de si mesmo projetada no chão. E como a sombra de uma coisa é sempre bem maior que a própria coisa, ao ver aquilo, exclamou vaidoso: “Ora, ora, veja só o quanto grande eu sou! Imagine eu, com todo esse tamanho, e ainda tendo que fugir de um insignificante Leão! Eu o mostrarei, quando o encontrar, se Ele ou Eu, afinal, quem de verdade é o rei dos animais!”

E enquanto estava distraido envolto em seus pensamentos e gabando a si mesmo, um Leão pulou sobre ele e o capturou.

Ele então exclamou com tardio arrependimento: “Coitado de mim! Minha exagerada autoestima foi a causa da minha perdição.”

Autor: Esopo

Moral da História:

Não permita que suas fantasias o façam esquecer da realidade.

A FÁBULA DA GALINHA VERMELHA


A história da galinha vermelha que achou alguns grãos de trigo e disse a
seus vizinhos:

- Se plantarmos trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a
plantá-lo?

- Eu não. Disse a vaca.
- Nem eu, emendou o pato.
- Eu também não, falou o porco.
- Eu muito menos, completou o ganso.
- Então eu mesma planto, disse a galinha vermelha.

E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.
- Quem vai me ajudar a colher o trigo?’ Quis saber a galinha.
- Eu não, disse o pato.
- Não faz parte de minhas funções, disse o porco.
- Não depois de tantos anos de serviço, exclamou a vaca.
- Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego, disse o ganso.
- Então eu mesma colho. Falou a galinha, e colheu o trigo ela mesma.

Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.
- Quem vai me ajudar a assar o pão? Indagou a galinha vermelha.
- Só se me pagarem hora extra, falou a vaca.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença, emendou o pato.
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão, disse o porco.
- Caso só eu ajude, é discriminação, resmungou o ganso.
- Então eu mesma faço, exclamou a pequena galinha vermelha.
Ela assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem
ver.

De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço. Mas a galinha
simplesmente disse:
- Não, eu vou comer os cinco pães sozinha.
- Lucros excessivos!. Gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista! . Exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais! Bradou o ganso.
O porco, esse só grunhiu.

Eles pintaram faixas e cartazes dizendo ‘Injustiça’ e marcharam em
protesto contra a galinha, gritando obscenidades. Quando um agente do
governo chegou, disse à galinhazinha vermelha:

- Você não pode ser assim egoísta…
- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor. Defendeu-se a galinha.
- Exatamente. Disse o funcionário do governo. Essa é a beleza da livre
empresa.. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser, mas sob
nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais
produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem
nada.

A galinha distribuiu os pães aos animais e todos ficaram felizes, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu e cacarejou:

- Eu estou grata, eu estou grata.

Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez absolutamente nada, nem mesmo um pão…

FÁBULAS DE ESOPO

A fábula é uma das mais antigas maneiras de se contar uma história. O autor grego Esopo usava muitos bichos como personagens de suas fábulas, como tartarugas, lebres, raposas, formigas e cigarras. Através das histórias ele criticava os valores da sociedade de sua época, para mostrar o que é certo e o que é errado.

Acredita-se que Esopo tenha vivido no século 6 antes de Cristo. Provavelmente foi capturado em uma guerra e virou escravo na Grécia. Mas não há provas históricas de que ele tenha existido. O que não dá para negar é que há mais de 300 histórias, com características semelhantes, que podem ter sido escritas ou reescritas e divulgadas por ele.

A RAPOSA E AS UVAS

6 - FAB ESOPO

A TARTARUGA E A LEBRE

5 - FAB ESOPO

MÃE CARANGUEJO E SUA FILHA

4 - FAB ESOPO

A BARRIGA E OS MEMBROS

3 - FAB ESOPO

A ÁGUIA FERIDA POR UMA FLECHA

2 - FAB ESOPO

A CIGARRA E A FORMIGA

1 - FAB ESOPO

http://biblioteca.uol.com.br/

A FORMIGA BOLADONA

cigarra-banner

Era uma vez, uma formiguinha e uma cigarra muito amigas.

Durante todo o outono, a formiguinha trabalhou sem parar, armazenando comida para o período de inverno.

Não aproveitou nada do sol, da brisa suave do fim da tarde e nem o bate-papo

com os amigos ao final do trabalho tomando uma cervejinha gelada.

Seu nome era ‘Trabalho’, e seu sobrenome era ‘Sempre’.

Enquanto isso, a cigarra só queria saber de cantar nas rodas de amigos e

nos bares da cidade; não desperdiçou nem um minuto sequer.

Cantou durante todo o outono, dançou, aproveitou o sol, curtiu prá valer sem se preocupar com o inverno que estava por vir.

Então, passados alguns dias, começou a esfriar.

Era o inverno que estava começando.

A formiguinha, exausta de tanto trabalhar, entrou para a sua singela e aconchegante toca, repleta de comida.

Mas alguém chamava por seu nome, do lado de fora da toca.

Quando abriu a porta para ver quem era, ficou surpresa com o que viu.

Sua amiga cigarra estava dentro de uma Ferrari amarela com um aconchegante casaco de vison.

E a cigarra disse para a formiguinha:

- Olá, amiga, vou passar o inverno em Paris.

- Será que você poderia cuidar da minha toca?

- E a formiguinha respondeu:

- Claro, sem problemas!

- Mas o que lhe aconteceu?

- Como você conseguiu dinheiro para ir à Paris e comprar esta Ferrari?

E a cigarra respondeu:

Imagine você que eu estava cantando em um bar na semana passada e um produtor gostou da minha voz.

Fechei um contrato de seis meses para fazer show em Paris…

À propósito, a amiga deseja alguma coisa de lá?

Desejo sim, respondeu a formiguinha.

Se você encontrar o La Fontaine (Autor da Fábula Original) por lá, manda

ele ir para a ‘PQP!!!’

Moral da História:

Aproveite sua vida, saiba dosar trabalho e lazer, pois trabalho em demasia só traz benefício em fábulas do La Fontaine e ao seu patrão.

Trabalhe, mas curta a sua vida. Ela é única!!!

Se você não encontrar a sua metade da laranja, não desanime, procure sua metade do limão, adicione açúcar, pinga e gelo, e seja feliz !

A CIGARRA E A FORMIGA

A CIGARRA E A FORMIGA

A cigarra, sem pensar

em guardar,

a cantar passou o verão.

Eis que chega o inverno, e então,

sem provisão na despensa,

como saída, ela pensa

em recorrer a uma amiga:

sua vizinha, a formiga,

pedindo a ela, emprestado,

algum grão, qualquer bocado,

até o bom tempo voltar.

“Antes de agosto chegar,

pode estar certa a senhora:

pago com juros, sem mora.”

Obsequiosa, certamente,

a formiga não seria.

“Que fizeste até outro dia?”

perguntou à imprevidente.

“Eu cantava, sim, Senhora,

noite e dia, sem tristeza.”

“Tu cantavas? Que beleza!

Muito bem: pois dança agora…”

Do livro Fábulas de La Fontaine, 1992.

A PIPA E A FLOR - Rubem Alves

pipa

Poucas pessoas conseguiram definir tão bem os caminhos do amor como Rubens Alves, numa fábula surpreendente, cujos personagens são uma pipa e uma flor.

A história começa com algumas considerações de um personagem que deduzimos ser um velho sábio. Ele observa algumas pipas presas aos fios elétricos e aos galhos das árvores e afirma que é triste vê-las assim, porque as pipas foram feitas para voar. Acrescenta que as pessoas também precisam ter uma pipa solta dentro delas para serem boas. Mas aponta um fator contraditório: para voar, a pipa tem que estar presa numa linha e a outra ponta da linha precisa estar segura na mão de alguém. Poder-se-ia pensar que, cortando a linha, a pipa pudesse voar mais alto, mas não é assim que acontece. Se a linha for cortada, a pipa começa a cair.

Em seguida, ele narra a história de um menino que confeccionou uma pipa. Ele estava tão feliz, que desenhou nela um sorriso. Todos os dias, ele empinava a pipa alegremente. A pipa também se sentia feliz e, lá do alto, observava a paisagem e se divertia com as outras pipas que também voavam.

Um dia, durante o seu vôo, a pipa viu lá embaixo uma flor e ficou encantada, não com a beleza da flor, porque ela já havia visto outras mais belas, mas alguma coisa nos olhos da flor a havia enfeitiçado. Resolveu, então, romper a linha que a prendia à mão do menino e dá-la para a flor segurar. Quanta felicidade ocorreu depois! A flor segurava a linha, a pipa voava; na volta, contava para flor tudo o que vira

Acontece que a flor começou a ficar com inveja e ciúme da pipa. Invejar é ficar infeliz com as coisas que os outros têm e nós não temos; ter ciúme é sofrer por perceber a felicidade do outro quando a gente não está perto. A flor, por causa desses dois sentimentos, começou a pensar: se a pipa me amasse mesmo, não ficaria tão feliz longe de mim…

Quando a pipa voltava de seu vôo, a flor não mais se mostrava feliz, estava sempre amargurada, querendo saber com que a pipa estivera se divertindo. A partir daí, a flor começou a encurtar a linha, não permitindo à pipa voar alto. Foi encurtando a linha, até que a pipa só podia mesmo sobrevoar a flor.

Esta história, segundo conta o autor, ainda não terminou e está acontecendo em algum lugar neste exato momento.

Há três finais possíveis para ela:

1 – A pipa, cansada pela atitude da flor, resolveu romper a linha e procurar uma mão menos egoísta.

2 – A pipa, mesmo triste com a atitude da flor, decidiu ficar, mas nunca mais sorriu.

3 – A flor, na verdade, era um ser encantado. O encantamento quebraria no dia em que ela visse a felicidade da pipa e não sentisse inveja nem ciúme. Isso aconteceu num belo dia de sol e a flor se transformou numa linda borboleta e as duas voaram juntas.

A Pipa e a Flor – São Paulo, Edições Loyola

PÉROLAS - Rubem Alves


As pérolas são feridas curadas,
são produtos da dor,
resultado da entrada de uma substância
estranha ou indesejável no interior da ostra,
como um parasita ou um grão de areia.
A parte interna da concha de uma ostra
é uma substância lustrosa chamada nácar.
Quando um grão de areia penetra,
as células do nácar começam a trabalhar
e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas
para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola é formada.
Uma ostra que não foi ferida de algum modo,
não produz pérolas,
pois a pérola é uma ferida cicatrizada.
Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de um amigo?
Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
Suas idéias já foram rejeitadas, ou mal interpretadas?
Você já sofreu os duros golpes do preconceito?
Já recebeu o troco da indiferença?
Então, produza uma pérola !!!
Cubra suas mágoas com várias camadas de amor.
Infelizmente são poucas as pessoas
que se interessam por esse tipo de movimento.
A maioria aprende apenas a cultivar ressentimentos,
deixando as feridas abertas,
alimentando-as com vários tipos de sentimentos pequenos e,
portanto não permitindo que cicatrizem.
Assim, na prática, o que vemos são muitas “ostras” vazias,
não porque não tenham sido feridas,
mas porque não souberam perdoar,
compreender e transformar a dor em amor.

OS BRUTOS TAMBÉM AMAM


Era uma vez um casal de leões que viviam muito felizes na floresta.

Já tinham tido vários filhos que cresceram e foram viver a sua vida. Agora tinham um filhote recém-nascido que era o seu encanto.
O leão era lindo! Tinha o pelo farto e uma magnífica juba.

A leoa não era tão bonita quanto ele. Seu pelo era mais raso e menos sedoso, mas o leão achava que ela era a leoa mais bonita da floresta.
O leão era forte, orgulhoso, e, tido como o Rei dos Animais, julgava-se superior a todos os outros que o temiam e respeitavam.

A leoa era humilde. Amava o leão, admirava sua força e sua beleza, sentia-se protegida ao seu lado, mas achava que ele era muito rude com os animais mais fracos e dizia isso a ele que retrucava:

- Se Deus me fez mais belo e mais forte é porque queria que eu os dominasse, que eles rastejassem a meus pés.

- Ou será que você sendo o mais forte, devia proteger os outros?
- Imagine! Eu nasci para dominar e eles para serem dominados.

Um dia, porém, ele saiu dar uma volta enquanto ela ficava em casa cuidando do leãozinho e quando voltou encontrou-a presa em uma armadilha e o filhinho tinha desaparecido.

Ficou desesperado! Não sabia se soltava a leoa ou se corria à procura do leãozinho, mas não sabia como fazer nem uma coisa nem outra.

Na certa algum caçador prendera a leoa para poder capturar o filhote, que provavelmente seria vendido para um circo ou um zoológico. Ficaria conhecido e famoso, mas o leão não queria saber disso. Queria a companheira e o filhinho a seu lado.

Usando sua prerrogativa de rei, convocou todos os bichos da redondeza e pediu ajuda.
A primeira a se manifestar foi a formiga:

- Estou pronta a ajudar.

Mas o leão expulsou-a:

- Sai já daqui! Você é um inseto miserável, não presta pra nada!

Entretanto, um a um, todos os outros animais negaram-se a socorrer o leão.

O macaco falou:

- Eu não vou fazer nada. Você sempre me desprezou. Bem feito!

A onça disse:

- Eu não vou me meter nas encrencas dos outros. Chega as minhas. Arranje-se!

A cobra também esquivou-se:

- Você não dizia sempre que eu vivia rastejando? Agora é você que está se arrastando a nossos pés para pedir ajuda.

E assim um a um, todos os súditos do rei leão negaram-se a auxiliá-lo e ele ficou muito aflito.

Foi então que a leoa chegou perto dele e fez-lhe um carinho:

- Você? Como conseguiu escapar da armadilha?

- Um ratinho me ajudou.

- Um rato? Que humilhação! Ficar devendo favor a um rato! Mas, como foi que o rato conseguiu soltá-la?

- Não foi bem um rato. Ele chamou seus amigos e todos juntos foram roendo a armadilha até conseguir fazer um buraco suficiente para eu sair.

- É incrível!

Todos os animais tinham ido embora, menos a formiga que, aproximando-se da leoa, ofereceu-se mais uma vez:

- Eu posso ajudar.

- Como?

- Eu sei onde está o leãozinho.

- Pois então nos leve até lá.

- Eu vi quando os caçadores se abrigaram em uma tenda, lá perto do meu formigueiro, mas eles estão armados. Se vocês se aproximarem eles os matarão. Mas, não se incomodem que eu sei o que fazer.

Foi rapidamente ao formigueiro e convocou milhares de formigas para acompanhá-la na emocionante aventura de salvar o filho do leão
Todas juntas invadiram a tenda onde os caçadores dormiam e rapidamente os cobriram de picadas.


Acordaram aturdidos e saíram correndo, sentindo ferroadas pelo corpo todo e deixando o animalzinho roubado lá dentro.

O leãozinho estava dormindo. Era muito pequeno e muito frágil para se defender e nem sabia ao certo o que estava lhe acontecendo.

Os leões que aguardavam a distância não perderam tempo, invadiram a tenda e saíram levando o filhinho.

E a família leonina foi feliz para sempre.

Moral: “Ninguém é tão poderoso que nunca precisará de ajuda nem tão insignificante que não possa ajudar”

APRENDA A SER ÁGUIA

AGUIA

A mãe águia decidiu que aquele seria o dia de iniciar o jovem filhote na sociedade das Águias.

Teria que lhe mostrar que ser Águia é ser diferente de qualquer outro ser. É ter que voar sempre mais alto que os outros.

Levou-o para fora do ninho. Há meses que o jovenzinho vivia ali, protegido, recebendo tudo pronto, ora do pai ora da mãe. Ninguém vinha incomodá-lo. Mãe ou pai, sempre um deles estava nas redondezas protegendo-o, cobrindo-o de plumas, trazendo-lhe iguarias das mais variadas e sempre gostosas.

Ao transpor as paredes do ninho, titubeou. Epa! Não estava acostumado a caminhos diferentes. A mãe sorriu e resistiu à tentação materna de ampará-lo.

Era necessário que o jovem filhote fosse sentindo seus limites, suas forças e fraquezas. Afinal, a única imagem que sempre tivera era a do pai e da mãe. Águias no sentido pleno da palavra é símbolo da imortalidade, do ser vivo sem limites em busca do inacessível aos humanos; símbolo da visão que consegue perscrutar o inescrutável, o invisível, o espiritual, tal qual João, o Evangelista, que conseguiu ver Deus no Verbo e o Verbo, que é Deus, feito Homem; símbolo do poder que paira nas alturas, bem acima do mortal e destrutível, assumido pelo Deus como guia em meio da elevação espiritual; símbolo da imortalidade e dos que conseguem sobrepujar a todos e a tudo, mesmo à morte e, por isso, visto pelos gregos, como a figura mais próxima da realidade de Zeus, o Deus grego todo poderoso;

Enfim, pensava a jovem mãe, tinha que passar para o jovem filhote toda essa história da dinastia, sem se esquecer, é claro, dos povos e grandes conquistadores que decidiram ostentar, em seus escudos e em seus brasões, a figura altiva, de asas amplas, abraçando o universo, de olhar perscrutaste, fixo no horizonte, de garras afiadas que tanto atacam quando defendem. Mas, também, o símbolo da fidelidade amorosa, fiéis, há anos, um ao outro, curtindo o mesmo ninho, sempre o mesmo, mas sempre renovado tanto no tamanho quanto na beleza (para o nascimento do filhote, forrara tudo com folhas novas bem verdes…)

Não seria muita responsabilidade para aquele ser ainda tão novo, frágil, desconhecedor das tristes realidades da vida, das quais nem a Águia, por mais acima de tudo que consiga voar, estará livre? E se ela só lhe contasse os grandes feitos da dinastia: como seu pai a conquistara numa luta jamais vista, como seus irmãos mais velhos conseguiram superar todos os iguais, conquistando espaços cada vez maiores. O dia em que ela mesma trouxera para o ninho uma presa, um bicho preguiça, de peso igual ao seu. Como mãe Águia que se preze, não poderia esconder as verdades. Águia não tem medo da luz, sabe voar alto e, quando preciso, é capaz de voar rasteiro bem próximo à presa. Quando define um alvo, lança-se tal qual flecha certeira e veloz em direção a ele. O céu e a terra lhe são comuns.

- Meu filhote, hoje começa um novo momento em sua vida. Até agora, em seu ninho, você viveu como qualquer ave, dependente, frágil, protegida, sem grandes horizontes. A única diferença é que você tinha uma mãe e um pai que são Águias. Começa para você a “Era da Águia”.

- Mãe, o que vou ter que fazer para ser Águia? Onde estão às outras aves, os outros animais?

- Em primeiro lugar, meu filhote, você vai ter que aprender a Ser uma Águia. Terá que se distinguir até de todas as outras Águias. A nossa dinastia é a da Águia Real. Somos aves como qualquer outra. Temos limites, tanto no céu quanto na terra. Também morremos, ou de morte comum ou perseguida pelos caçadores. Os caçadores fazem de tudo para nos abater.

- E como vou me defender se estou com medo? Pensei que fosse viver sempre ali naquele ninho.

- Meu filhote, repare em suas garras e veja as minhas. Diferentes, não? É uma questão de tempo e de exercício constante. Servem para a vida e para a morte. Dão-nos firmeza e, na hora da luta, são nossas armas. Veja meus olhos. Os homens cientistas não entendem como, mesmo localizados do lado da cabeça, conseguimos ter um raio de visão tão amplo.

- Estou olhando para baixo e só vejo um abismo.

- Olhe seu pai, lá longe. Veja a velocidade com que se está projetando para a terra: vai em direção àquele coelho que está a sair da toca. Logo, estará trazendo a refeição de hoje. Você precisará exercitar a visão. Olhos todos seres vivos têm, mas Visão de Águia só nós. Olhe para o sol.

- Não dá, disse o filhote, desviando o olhar. A luz é muito forte. Ofusca.

- Ser Águia é ser capaz não só de fitar o Sol como, até, de voar em sua direção, como se quisesse alcançá-lo. Ter Visão de Águia é ser capaz de ir das profundezas a sublimidade da vida, superando-se sempre. Nosso olhar tem o brilho do sol, da luz superior.
- Olhe o tamanho de minhas asas quando eu as abro. Parece que nós, Águias, queremos assumir o espaço todo aqui em cima. Abraçar o mundo. Você as terá, também, continuou a mãe, ao perceber que o filhote olhava para as suas próprias asas tão pequenas ainda. Elas nos permitem alçar vôo a alturas que outras aves não conseguem. Apenas os homens, com suas máquinas, nos conseguem imitar e superar.

Eles mesmos sempre sonharam voar, mas nunca conseguiram. Você terá que aprender a voar. O Vôo de Águia em direção ao sol, ao inescrutável, àquilo que os outros não conseguem ver nem olhar. Como João, o Evangelista, que via Deus onde os outros viam simples criaturas.

- Deixe-me ver, mãe, se entendi tudo. Para ser Águia de verdade terei que desenvolver a visão dos detalhes e do todo para conseguir enxergar o que os outros não vêem, melhorar minha capacidade de voar baixo em busca de alimento e em direção ao sol para manter sempre vivo o brilho do meu olhar, reforçar minhas garras como meio de firmar-me onde estou e como instrumento de sobrevivência. Mas, há um detalhe, você ainda não me ensinou a voar.

Nesse instante, a jovem mãe, de forma decidida, com suas asas, empurrou, sem pensar duas vezes, o jovem filhote em direção ao vácuo. Espantado, desorientado, desordenadamente, o filhote foi descobrindo que voar era seu destino. E sentiu que valia a pena ser Águia. Olhou para o sol e, na mesma direção, viu o pai e a mãe voando juntos. Nesse instante, sentiu que era uma Águia.

Começara para ele a Era da Águia. Um novo tempo. Uma nova forma de viver.

Autor desconhecido

MAIORIDADE DO ECA

*Publicado no site Brasil Econômico em 26/07/11

Foi comemorado, no último dia 13, os 21 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado pela Lei 8.069, de 13/7/1990, que estabelece a proteção integral à criança e ao adolescente.

O ECA foi inspirado na Constituição Federal de 1988 que, pela primeira vez na história brasileira, trata a questão da criança e do adolescente como "prioridade absoluta" e a sua proteção como "dever da família, da sociedade e do Estado".

Essa lei representa, sem dúvida, inestimável conquista da sociedade, contudo sua existência, por si só, não garante que todos os direitos fundamentais de nossas crianças e adolescentes estejam devidamente assegurados.

O artigo 4º do ECA define que "é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária".

Frequentes críticas são feitas ao Estatuto por pessoas que chegam ao absurdo de afirmar que o ECA contribui para agravar a situação de violência e marginalidade de jovens e adolescentes.

Provavelmente sequer se deram ao trabalho de conhecer a lei em profundidade antes de rejeitá-la, e proporem mudanças que provocariam inaceitável retrocesso como, por exemplo, a redução da idade penal.

Em 1991, tive a oportunidade de participar, representando o Brasil, do Tribunal Permanente dos Povos que se reuniu em Milão, na Itália, para julgar a violação dos direitos de crianças e adolescentes no mundo.

Constrangeu-nos o fato do Brasil figurar entre os países que apresentavam maior gravidade quanto à violação desses direitos. No entanto, nossa legislação foi considerada, pelo Tribunal, uma das mais avançadas nesse particular, porém, não basta ter uma boa legislação. É necessário, ainda, que seja devidamente aplicada por quem tem a responsabilidade de fazê-lo.

A avaliação dos 21 anos de vigência do ECA demonstra que a família, a sociedade e o Estado, que são legalmente responsáveis pelo cumprimento do Estatuto, estão em débito, não só com nossas crianças e adolescentes, mas também com a nação cujo futuro estará comprometido por não se cuidar dos seus construtores.

O ECA atingiu sua maioridade sem garantir a milhares de crianças e adolescentes direitos fundamentais. Muitos vivem nas ruas, por não suportarem a violência em casa, e dormem nas calçadas dopados com cola ou crack; outros, privados de liberdade em instituições fechadas como Febem; além dos que permanecem fora da escola no trabalho infantil para ajudar na sobrevivência da própria família.

Somam-se a este quadro de violação dos direitos de meninas e meninos a insensibilidade e a indiferença de uma sociedade omissa diante dessas injustiças e de um Estado que não cumpre a lei que ele próprio criou.

Assim, a democracia e o futuro da nação brasileira estarão comprometidos, enquanto leis como o ECA significarem meras conquistas formais, sem incidência na vida e no cotidiano de milhares de seres humanos em formação.

Enfim, a maioridade do ECA só será atingida quando essa lei for plenamente aplicada, de modo a expressar o real compromisso da família, da sociedade e do Estado brasileiro com os direitos fundamentais de crianças e adolescentes, assegurando-lhes cidadania, dignidade e um futuro justo e promissor.

AS CONTRIBUIÇÕES DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE À NOÇÃO DE DIREITO À EDUCAÇÃO

Antes mesmo que a própria legislação do ensino – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) e Plano Nacional de Educação (2001) -, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) veio reafirmar o direito à educação de crianças e adolescentes na forma estabelecida na Constituição Federal de 1988. No entanto, a partir do olhar retrospectivo, há três aspectos sobre os quais o ECA depositou mudanças profundas no campo educacional.

Salomão Barros Ximenes - Ação EducativaA primeira mudança decorre da própria revolução da noção jurídica de infância e adolescência, amplamente relatada na literatura, que deixaria de ser considerada sob o signo da inferioridade e da tutela e passaria ao estágio de sujeito de direito. Evidente que as implicações sociais, políticas e jurídicas daí advindas ainda estão muito longe de serem compreendidas e vivenciadas na prática. Na educação escolar há uma melhor delimitação de tais implicações: o estudante (sujeito de direito) ganha o direito ao respeito por parte dos educadores. Na verdade, mais que meros destinatários, as crianças e adolescentes passam a ser sujeitos da comunidade escolar, com direito a contestar critérios avaliativos e a recorrer à instâncias avaliativas superiores e a participar e atuar politicamente em entidades estudantis livres e autônomas (ECA, art.53). Tais direitos, é preciso que se diga, são amplamente violados uma vez que se contrapõem à cultura escolar hegemônica.
Relacionado à assunção de um novo sujeito na escola – o estudante – há a própria mudança do lugar dessa instituição (se não a mudança completa, ao menos a incorporação de uma nova identidade). A escola, além de agência (re)produtora de padrões e conhecimentos, passa ser encarada como espaço de realização de direitos, sendo por isso chamada a compor o denominado Sistema de Garantias de Direitos. Isso exige das instituições de ensino a abertura de canais de comunicação com órgãos de promoção, defesa e controle social dos direitos infanto-juvenis e dos direitos humanos em geral. As escolas perdem a “autonomia” para escolher os bons estudantes e passam, do contrário, a ser cada vez mais demandadas a colaborar com as políticas de prevenção e reparação a direitos violados.
Também a implantação desta nova identidade sofre enormes resistências nos sistemas de ensino, o que pode ser expresso na desconfiança generalizada em relação aos Conselhos Tutelares, entidades de atendimento e Justiça especializada.
Na verdade, o desafio apontado pelo ECA diz respeito à própria ampliação da noção de educação escolar hoje em voga, o que pode ser expresso no debate sobre indicadores de qualidade do ensino. A educação é parte dos direitos humanos, o que implica tanto o reconhecimento da exigibilidade e justiciabilidade da educação nas instâncias nacionais e internacionais de tutela a tais direitos como que a educação deve promover a realização dos demais direitos humanos e respeitar, em seu processo, os direitos dos sujeitos implicados.
Daí a necessidade de dar voz aos mais diferentes atores do processo educacional – inclusive e sobretudo as criança e os adolescentes -, fortalecendo na sociedade concepções democratizadoras de qualidade e de avaliação da educação, capazes de dar conta de todas as dimensões de realização desse direito: insumos assegurados com igualdade, processos educacionais que respeitem os direitos humanos e assegurem autonomia dos sujeitos e das escolas e, por fim, resultados que expressem uma concepção ampla de educação, capaz de formar para o desenvolvimento humano, a inserção no mundo do trabalho e o exercício da cidadania. Como resultado geral de uma educação conforme os direitos humanos, espera-se, sobretudo, uma sociedade igualitária, no sentido de que as oportunidades educacionais, econômicas e sociais não sejam pré-determinadas, quase que como direitos reais repassados por herança.
Tais reformas requerem uma combinação de autonomia efetiva e condições de gestão democrática nos sistemas de ensino. Autonomia que não seja confundida com abandono ou com impermeabilidade aos demais órgãos, mas que tem como pressuposto a ampliação significativa do investimento na escola pública, a valorização dos trabalhadores da educação, capaz de tornar o magistério uma profissão desejada pela maioria dos jovens, e a formação permanente desses profissionais.
Assim, é inegável que a noção jurídica de infância e adolescência e a ampliação da função social da escola ocorreu, até os dias de hoje, muito mais na esfera normativa que na realidade. Por falar em realidade, o enfoque no debate sobre qualidade social do ensino não nos pode fazer esquecer que há enormes desafios ainda no aspecto da inserção escolar de amplos contingentes de crianças e adolescentes, sobretudo das camadas populares. Só 19% das crianças de zero a três anos têm oportunidade de freqüentar uma creche; 24% daquelas com idade entre quatro e cinco anos não encontra vagas em pré-escolas, mesmo sendo sua matrícula obrigatória por força da Emenda Constitucional n° 59/2009; mais de 1 milhão de crianças e adolescentes com idade entre 6 e 14 anos, adequada para o ensino fundamental, ainda se encontra fora das escolas, apesar do senso comum quanto à “universalização” do acesso a esta etapa; e, no ensino médio, além da exclusão escolar, temos enormes problemas quanto ao fluxo e permanência dos estudantes nas escolas, sem falar na pouca perspectiva de continuidade dos estudos em instituições de qualidade.
Mas há um ponto em que o ECA trouxe resultados efetivos: o reconhecimento da exigibilidade do direito à educação de crianças e adolescentes. Quando de sua promulgação, em 1990, os direitos sociais em geral eram entendidos como inexigíveis, uma vez que se tratavam de objetivos constitucionais e legais a serem implementados progressivamente através de políticas públicas.
O ECA, no entanto, como o Código de Defesa do Consumidor, trouxe uma nova perspectiva para o ativismo jurídico em defesa dos direitos coletivos e difusos, provocando, por conseguinte, a resposta de instituições estatais de defesa como o Ministério Público, a Defensoria Pública e o próprio Judiciário. Este passa a crescentemente reconhecer a possibilidade de se exigir judicialmente o controle de políticas públicas, sobretudo quando o Poder Público se omite na garantia de vagas em escolas para todas as crianças de uma determinada circunscrição. Mesmo limitadas do ponto de vista temático, essas novas demandas abrem um conjunto de possibilidades para a luta social por direitos educacionais, incorporando definitivamente o princípio da justiciabilidade que estrutura o chamado “eixo de defesa” do Sistema de Garantias inaugurado pelo ECA.

* Salomão Barros Ximenes é advogado, graduado em Direito, mestre em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e doutorando em Direito do Estado (USP). É assessor e coordenador de programa da ONG Ação Educativa Assessoria, Pesquisa e Informação e membro do Comitê Diretivo da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

FONTE DE MOTIVAÇÃO


A Motivação é considerada um fator preponderante para o rendimento escolar do aluno. Nesse sentido, a autoestima estimula o aprendizado. O aluno que usufrui da motivação e da autoestima aprende com mais alegria e felicidade. Quem se julga incapaz de aprender, aproxima-se de toda e qualquer possibilidade de aprendizagem com sensação de desesperança.
O aluno desmotivado, sem vontade de aprender é como um jogador de futebol que não treina durante a semana com dedicação e empenho, por esta razão, no dia do jogo fica no banco de reservas, para a tristeza de sua família que veio ao estado só pra ver jogar. Para tanto, o aluno com baixa autoestima, desenvolve atitude como: “Estudar pra que, não gosto de ler, venho à escola pra bagunçar...” Este, por sua vez, precisa de uma orientação e um acompanhamento educacional que inclua: estímulos e medidas socioeducativos que favoreça de verdade o seu desenvolvimento cognitivo e com ela a semente da mais elevada autoestima.
A falta de motivação pode ocorrer por vários motivos. Por isso, é fundamental que o professor busque-o evitar na sala de aula comentários do tipo: você não sabe ler nem escrever, não sabe nem as quatro operações básicas da matemática, você só vem brincar. Nessa hora, o importante é o professor ter calma e discernimento, avaliar cada caso e resolvê-lo na medida do possível.
Diante desse processo dinâmico e evolutivo, o professor deve fazer de sua sala de aula um “Ambiente agradável e prazeroso”, desenvolvendo atividades diversas de aprendizagem em que o aluno tenha papel ativo e de relevância no caminho da construção do conhecimento. O professor deve ser não aquele que ensina, mas também, o que orienta o que incentiva e o que mostra caminhos e estabelece relação de afetividade e interação para com o seu aluno, num clima amistoso e de amizade.
Entretanto, nesse processo de ensino-aprendizagem o professor é, por excelência, o principal agente transformador de conhecimento e fonte de motivação para os alunos. Você duvida?

MOTIVAÇÃO EM SALA DE AULA



Professores devem se automotivar por suas novas descobertas, por suas novas pesquisas e o desejo de ver seu trabalho discutido numa sala de aula.
Não acredito que a motivação dos professores é a causa, nem conseqüência. Muito mais que isso é um instrumento didático, que torna o professor um elemento educativo, com capacidade de contagiar através de persuasão. Uma vez que toda informação apresentada, de uma maneira que contenha emoção, é mais fácil de ser assimilada e difundida, não só no mercado educacional, mas em todos os contextos de expansão de informação. A motivação é hoje elemento primordial para qualquer profissional. Ela tem efeito contagiante, auxilia na credibilidade, mostra empenho e demonstra carisma, assim como interesse nos alunos.
Vislumbro boas perspectivas para a classe docente, possibilidades de trabalho crescendo, o nível de informação está se superando e a classe está se integrando cada vez mais. Basta ver o número de professores em Congressos há alguns anos atrás comparados com a lotação dos Congressos de hoje. Existem até professores que pensam em fundar uma cooperativa educacional e conduzirem Universidades Cooperativadas por todo Brasil. Eis aí o professor empreendedor, indo além da atuação em sala de aula.

MOTIVAÇÃO NA SALA DE AULA !





Recursos para melhorar a motivação
na sala de aula.


- Estabeleça metas individuais. Isso permite que os alunos desenvolvam seu próprio critério de sucesso.
- Emoções positivas melhoram a motivação.
- Demonstre por meio de suas ações, que a aprendizagem pode e deve ser agradável.
- Desperte na criança o desejo de aprender.
- Dê atenção. Ser indiferente a uma criança é um poderoso desmotivador.
- Negocie regras para o desenvolvimento do trabalho.
- Mostre como o conteúdo pode ser aplicado na vida real.
- Explique sempre os objetivos da atividade.
- Em vez de recriminar respostas ou atitudes erradas, reconheça o trabalho bem-feito.
- Sempre que possível ofereça opções de atividades.
- Seja flexível ao ensinar. Apresente exemplos para estimular a reflexão.
- Use recursos visuais, como desenhos, fotos, gráficos, objetos.


MOTIVAÇÃO NO PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM


"A motivação é fator que influencia o desenvolvimento: se a motivação é grande, a criança irá se esforçar para fazer as coisas mais complexas." (FRIEDMANN, p. 66, 1996)

A aprendizagem depende da motivação, do interesse e da necessidade da criança. Para que haja desenvolvimento afetivo e cognitivo, deve-se encorajar a criança à autonomia e pensamento crítico, levando em consideração o fato de o desenvolvimento depender do equilíbrio afetivo.

A motivação é um conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo. Refere-se às forças que agem sobre um organismo, ou dentro dele, para iniciar e direcionar o comportamento.
Quando a sociedade não oferece muitas saídas aos jovens e as perspectivas de encontrar trabalho ao sair da escola são poucas, parece que toda a responsabilidade de motivar os alunos recai nos professores. A tarefa não é fácil, mas é necessária.

Um importante grupo de decisões diz respeito as que o professor toma durante o desenvolvimento de uma aula ao interagir com os alunos. Muitas decisões têm importância na criação ou manutenção da motivação dos alunos.

Se um professor não está motivado, se não exerce de forma satisfatória sua profissão, é muito difícil que seja capaz de comunicar a seus alunos entusiasmo, interesse pelas tarefas escolares; é definitivamente, muito difícil que seja capaz de motivá-los.

No caso dos professores do ensino fundamental, parecem escassos os conhecimentos das diferentes áreas e muito limitados os do campo psicopedagógico. Deveria incluir a formação necessária para que o professor seja capaz de motivar seus alunos.

É preciso valorizar o oficio de professor. O governo, as escolas e os próprios professores devem considerar isso o objeto primordial. Caso contrário, encontraremos professores cada vez mais desmotivados que não serão psicologicamente capazes sequer de abordar o problema da motivação de seus alunos.

Os processos de ensino-aprendizagem são satisfatórios quando se estabelece uma conexão, uma sintonia entre o professor e os alunos, uma cumplicidade. Às vezes se diz que o mais motivador para um aluno é ter um bom professor. Também se diz que um bom professor é aquele que sabe motivar seus alunos.

Conhecer a fundo a matéria que ensinamos e vibrar com ela é indispensável para comunicar aos alunos a motivação que se costuma considerar mais valiosa do ponto de vista pedagógico: a motivação intrínseca. Nesse sentido, é necessária uma formação permanente, já que é importante que os professores falem dos temas da atualidade, os quais interessam a nossos alunos.

Além da comunicação explícita, daquilo que o professor diz e explica, ele comunica muitas outras coisas: maneira de raciocinar, estilo cognitivo, personalidade, atitudes, valores.Essa é uma característica que faz com que a vocação de professor seja a uma só vez difícil e apaixonante.

Muitos bons professores, quando alcançam um alto nível de competência, deixam de sê-lo ou reduzem ao mínimo suas tarefas docentes, transformando-se em gestores, diretores, administradores ou assumindo qualquer outro tipo de ocupação que os vai afastando do trabalho docente e do contato com os alunos.

A atuação dos professores mediante aos seus alunos, interfere diretamente no comportamento dos mesmos, podendo incidir positivamente na sua motivação. Cabe ao professor tornar sua aula prazerosa instigando seus alunos a resolverem problemas da vida cotidiana permitindo o "pensar" para vida, dando a eles a liberdade de expressarem sentimentos, opiniões valorizando cada passo que derem. Dar a eles oportunidade e tempo para realizar suas atividades, valorizando seus esforços e incentivando-os a vencer novos desafios. Possibilitar trabalhos em grupos para que possam conviver de forma agradável e com respeito.

Não existe receita pronta que melhore a motivação de nossos alunos, o professor através da prática e experiência possui a capacidade de tentar melhorar a motivação de sua turma. Sem esquecer da rotina e dos conteúdos ao qual nos prendemos e acabamos esquecendo de trabalhar com maior motivação em sala de aula.

Para que ocorra uma mudança é preciso investir mais na formação de nossos professores no terreno psicopedagógico e na atualização de conhecimentos sobre as diferentes matérias. A formação deverá ser tanto teórica como prática dentro de uma didática que permita um melhor desempenho e qualidade de ensino aos nossos educandos.

Podemos desenvolver uma parte da formação específica por meio do trabalho de equipes docentes, através dessas formações o professor poderá melhorar sua formação através de leituras e trocas de experiências, avaliando os processos de estudos e sua prática educativa. Mas para isso acontecer é necessário diminuir os dias letivos, aumentando os dias não-letivos, e nestes, proporcionar aos educadores apoio pedagógico apropriado.

As escolas deveriam oferecer saídas para aos trabalhos dos professores como oferecer formação contínua, publicação de artigos, elaboração de livros de textos, matérias didáticas próprias, difusão de pesquisa, entre outras para uma melhor valorização dos mesmos, fazendo com que se sintam mais motivados.

Só um professor motivado consegue motivar seus alunos!

Devemos ter claro que cada atividade desenvolvida deverá ter como base, elementos como: a integração, a socialização, o estímulo a aprendizagens e metodologias diversificadas. Criando desafios, incentivando a descoberta e constituindo outros caminhos metodológicos, as crianças poderão motivar-se a relacionar novos conceitos ao seu cotidiano. A partir de então, poderemos deixar de nos queixar que os alunos não tem interesse em aprender o que queremos ensinar. Eles verão que o que estaremos oferecendo, poderá desenvolver em cada um, a opinião própria, a criatividade, melhor interação no grupo, mas principalmente que o processo ensino-aprendizagem trará naturalmente, à vontade de aprender. Sua aprendizagem se tornará mais prazerosa e será possível ver em cada atividade uma função social.

Pensem nisso!

domingo, 24 de julho de 2011

EDUCAR É ATO DE CORAGEM E AFETO


Educar é um ato de coragem e afeto
por Gabriel Chalita


Desde as mais remotas civilizações, a convivência social foi um grande desafio.
Mulheres e homens, crianças e velhos, cada um à sua maneira tentou ao longo dos tempos percorrer os caminhos da sabedoria para encontrar a tão sonhada felicidade.
O ser humano é social, não vive sem o outro e, sem o outro, não consegue ser feliz.
Nesse instigante espectro, podemos reconhecer a grandeza divina - somos mais de cinco bilhões de pessoas, e somos únicos.
Não há duas pessoas iguais.
Sonhos, medos, alegrias, desesperanças... Vida.
Nesse mosaico fascinante é que se percebe a importância e a grandeza da arte de educar.
Educar é um ato de cumplicidade, de troca, de amor.
Educar é ato de vida, o caminho e o encontro da felicidade.
Educar é arquitetar e construir o futuro, é o abnegado ofício de plantar e colher.
O grande desafio da sociedade contemporânea está aí: educar!
Garantir, pelo conhecimento, a liberdade e o desenvolvimento dos povos.
O problema econômico mundial passa pela educação. Povo educado tem mais higiene, consequentemente mais saúde. Povo educado trabalha melhor, portanto tem mais produtividade.
Ou seja, com bons níveis educacionais se gasta menos, se ganha mais.
É comum termos contato com relevantes dados do mundo informacional, a revolução tecnológica, o progresso científico, os avanços da engenharia genética e outras espetaculares façanhas conquistadas pela mente humana.
A máquina alcançou patamares impressionantes, é verdade.
Entretanto, o ser humano chegou ao macro e ao microcosmos, mas, não chegou ao essencial. Se as viagens entre países e continentes ficaram mais rápidas e seguras, a viagem ao interior humano ainda é penosa, complexa e rara.
Em pleno Século XXI ainda se fala em discriminação, preconceito, isolamento racial, social, econômico.
Na vivência da era digital, ficção literária e cinematográfica, a violência não cedeu espaços à paz, a tão desejada paz entre mulheres e homens.
Assim, podemos afirmar que a educação é um ato de coragem e afeto. Coragem, porque não será a máquina ou o computador que substituirão o maestro da orquestra, o regente do processo de saber, a essência da educação: o professor.
Nesse contexto, a educação torna-se ainda mais importante. Afeto, porque educar é um ato de amor ao próximo e a si mesmo.
Quem educa não apenas ensina como, permanentemente, aprende.
Crescem ambos os que estão envolvidos nesse diálogo, o mestre e o aprendiz. Porque se confundem na mesma pessoa, na troca de conhecimento.
Na evolução pelo saber.
No equilíbrio do amar e ser amado, do dar e receber.
No universo cada vez mais competitivo que ora vivemos, coube à escola também acumular a tarefa da educação como forma de preparar para a vida, como um todo. Construir homens e mulheres capazes de não apenas viver, mas, principalmente, entender a vida e participar dela de forma intensa.
Gente que, pelo saber, exerça a liberdade com responsabilidade e saiba defender os seus direitos; verdadeiros cidadãos.
Por tudo isso, o papel do professor tornou-se ainda mais importante.
O ato de ensinar, de aprender e, junto com os alunos, descobrir novos e maiores horizontes passou a exigir ainda maior empenho e dedicação.
No mundo globalizado, para que o professor consiga cumprir o seu compromisso de preparar de forma ampla para a vida cada um de seus alunos, é preciso ter em mente mais do que um bom projeto pedagógico, um bom aparato didático - é indispensável ter coragem e dar afeto. Nesse sentido, mais do que nunca, faz-se indispensável a valorização do professor.
É primordial que, além da consistente formação acadêmica e prática, o professor possa ter acesso a constantes programas de atualização e desenvolvimento profissional, participe do projeto de educação do qual será o agente e, claro, seja remunerado com dignidade e tratado com respeito. O aprendizado transcende os muros da escola, ultrapassa os limites dos graus de formação, é necessidade constante de todos, professores e alunos, dentro e fora da instituição. Eis o grande desafio da sociedade e dos governos: desenvolver uma Educação substantiva.
A escola deve ser um espaço sagrado, no qual a convivência seja prazerosa.
É o sonho e a realidade que se misturam na nobre missão de construir uma sociedade iluminada. A revolução da Educação é a revolução da humanidade.
Colheita de uma semeadura corajosa e competente.
Luz que poderá fazer germinar uma geração sem preconceitos e discriminações; com menos violência e apatia.
A revelação do melhor, a essência do bem, o encontro da felicidade.

INCLUSÃO: TUDO COMEÇA NA FAMÍLIA E NA ESCOLA

É muito fácil traçar modelos, paradigmas, criar novas terminologias, novas diretrizes e metas quando se está bem distante da realidade de um sistema educacional que vive no naufrágio, onde todos desejam nos seus discursos políticos uma educação de qualidade para todos, mas que na prática não acontece.
Como falar de Inclusão numa sociedade tão exclusiva? Como de repente deixar para trás, estigmas, preconceitos, estereótipos, tabus, barreiras, que se perpetuam na História Humana desde a origem do Homem? Como esquecer subitamente tudo o que a pessoa com deficiência vem sofrendo no decorrer de suas vidas simplesmente porque o mundo globalizado e porque não dizer a era contemporânea resolveu adotar nos seus sistemas educacionais, uma educação inclusiva, uma escola onde caibam todos os mundos, abrindo as portas para todos? Já se fazem alguns anos passados que grandes encontros, congressos, seminários e conferências a nível mundial mostraram em seus documentos a necessidade de incluir pessoas com deficiências no convívio entre os ditos alunos normais. Isso portanto não é nenhuma novidade, nenhum algo extraordinário, que venha causar tanta referência, tanto embaraço por parte ainda de alguns professores dentro do contexto educacional.
A Inclusão acontece dentro de cada pessoa. No momento em que nasce um ser com deficiência e este ser é acatado, aceito, amado lá no momento da concepção, da gestação, do nascimento, do pós-nascimento, já no seio familiar inicia o processo inclusivo. Este primeiro momento é o grande momento da inclusão. Todos os outros momentos são conseqüências deste primeiro momento que é essencial. Isso que se retrata trata-se do quadro de deficiências congênitas ocasionadas por causas pré-gestacionais, pré-natais, e perinatais. Sem deixar de enfatizar as deficiências pós-natais, isto é, adquiridas, que quando surgem, abalam de tal modo as famílias que indo a procura de ajuda nas Instituições, chega todo mundo junto, pai, mãe, avô, avó, tio, tia, esposo, esposa, quando não, até o animal de estimação da casa. Fica repleta de pessoas a sala do gestor. Muitos casos vitimados por balas perdidas, acidentes de trânsito, uso indevido de medicamentos, traumas, dentre outros.
Sabe-se que a figura da mãe é o visível e o invisível deste processo. Porque sendo a maior educadora de todos os tempos, e o ser deficiente sendo aceito por ela, a inclusão já brota do útero materno isto é, do mundo interior para o mundo exterior. Com este primeiro passo, com certeza acontecerá o fluir de uma chama que se acende na luta pela inclusão dentro de uma sociedade que exclui, que ameaça, que rejeita, que magoa, que fere aquela mãe no mais íntimo de suas entranhas para proteger aquele ser tão inseguro, tão indefeso, que busca calor humano, afeto, uma escola amiga, de professores amigos, acolhedores, que possam criar laços de amizade e de afetividade com seu filho, para acontecer o processo de ensino e de aprendizagem.




Por Luiza de Marilac Batista de Carvalho ¹
¹ Mestrado em Educação Especial. Especialização em Educação Especial e Deficiência Mental. Especialização em Administração Escolar e Especialização em Deficiência Visual, Auditiva, Mental e Múltiplas.
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