segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BOM DIRETOR, BOA ESCOLA

Ele está à frente de professores, pedagogos e funcionários, é o principal receptor de reclamação dos pais, precisa lidar com alunos indisciplinados, cumprir prazos de processos burocráticos, representar a instituição em entidades de classe e responder às autoridades públicas por tudo o que acontece na Escola.
É difícil elencar todas as atividades exercidas por um diretor, mas facilmente se conclui que a qualidade de uma escola está diretamente vinculada à capacidade de quem a dirige.
De todas as atividades exercidas por um diretor no dia a dia, o atendimento aos pais, alunos e professores é certamente a que exige mais tempo e é também de onde surgem os conflitos mais relevantes.
Se a capacitação técnica é indispensável para o bom andamento dos processos administrativos, são as qualidades individuais que fazem diferença no relacionamento com públicos tão distintos.
Doutor em Educação e pesquisador pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), João Malheiro aponta alguns elementos essenciais para quem deseja se tornar um diretor virtuoso. “O principal é merecer a confiança de seus subordinados, fruto da boa autoridade, que é o saber publicamente reconhecido”, explica Malheiro.
Segundo o pesquisador, um diretor consegue mais cooperação quando mostra que entende do que fala do que quando lembra às pessoas ao seu redor o que pode fazer com sua autoridade.
“A sabedoria é a grande qualidade de quem deve mandar. E ela não vem só dos anos de vida, mas do hábito de refletir sobre os problemas e encontrar soluções verdadeiras”, diz.
A habilidade do diretor no relacionamento com sua equipe é testada principalmente em momentos de crise, quando surgem divergências em relação a métodos de trabalho ou linhas de pensamento.
De acordo com Malheiro, ao lidar com situações tensas é indispensável a quem tem autoridade manter o respeito por aqueles que pensam de forma diferente. “A base de qualquer diálogo amistoso é sempre a humildade intelectual e a moderação das paixões”, afirma. Ele acrescenta que boa parte dos impasses pode ser evitada se houver clareza nos princípios e objetivos educacionais que regem a Escola.

Profissionalizar a gestão ainda é um desafio
Há cerca de 20 anos, termos como visão estratégica ou excelência em gestão eram completamente estranhos à área de Educação no Brasil e os próprios profissionais do setor os vinculavam a ambientes empresariais.
Com o aperfeiçoamento dos índices de medição de aprendizagem, o lento desenvolvimento da Educação brasileira ganhou números, foi comparado e superado por sistemas de países em condições semelhantes.
A evidência dessa fraqueza aproximou profissionais da área de ferramentas administrativas para a superação de resultados, alcance de metas e objetivos.
Hoje a gestão Escolar enfim se tornou tema frequente nas discussões da área, mas sua aplicação concreta ainda deixa a desejar.
Segundo Renato Casagrande, pró-reitor de graduação e professor do curso de especialização em Gestão de Instituições Educacio­nais da Universidade Positivo, a administração de Escolas no Brasil, especialmente na rede pública, ainda é bastante amadora.
“Os gestores eleitos raramente têm preparo, são escolhidos por serem populares e as ações tomadas funcionam na base da tentativa e erro, sem profissionalismo”, constata o professor.
Para Casagrande a própria legislação é uma das causadoras do problema, já que impõe às Escolas que escolham o diretor entre os membros do corpo docente, sem a possibilidade de trazer alguém capacitado de fora.
Mandatos curtos e trocas constantes na direção são outros problemas que tornam mais difícil a prática de uma gestão eficiente na rede pública. “Às vezes um diretor que fez oposição ao anterior assume, então começa tudo do zero, sem rotina, sem método e sem sistema. Isso compromete o cargo”, diz Casagrande.
Fonte: Gazeta do Povo (PR)

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