sexta-feira, 2 de setembro de 2011

TRIBUTO AO GABRIEL CHALITA E A SUA EDUCAÇÃO DE QUITANDA

"A educação é o maior e mais difícil problema imposto ao homem." (Emmanuel Kant)
Por Anna Carvalho*
Olhando a Educação vista pelo olhar do Gabriel Chalita, é de se questionar ou manipular o maniqueísmo que ele e toda sociedade propõem. Um mundo fantástico de sonho e vamos, por um minuto, nos esquecer que a Educação virou pilhagem humana do Estado que gerencia e sentencia a Educação Pública como um hiato em que todas as questões sociais são postas ali sem qualquer álibi em seu funcionamento letárgico, sem processo e que vive numa ribalta cínica e devidamente acomodada em déficit de aprovação.
E professores e funcionários, com muito amor sem qualquer intervenção mais aprimorada, têm que dar conta do que o Estado gerencia incompetentemente: a escola virou, em alguns casos, um desdobramento em estado de inércia policial e professores têm que lidar com todas as ordens e tipos de problemas, usando um eufemismo menos crasso.
A Educação virou, neste país de analfabetos e que mantém o ostracismo de classes devidamente separadas, um arremedo em pastas rápidas do MEC e suas mudanças de benesses e não de Educação de qualidade neste hiato gigante mantido para que este país mantenha a sua anacrônica Ordem e Progresso.
Vemos Gabriel Chalita e a sua pedagogia do amor, cumprindo um papel que lhe é bem útil: vender sonhos bem caros e raros neste quadro tácito de incompetência e se possível fazer o que toda a sociedade faz – julgar, manipular e catapultar profissionais de educação por todos os erros – e sabemos que não é de hoje que o Estado faz questão em amordaçar educadores.
A família, por outro lado, em seus silêncios manipulados por uma carga de trabalho absurda (e não falei em empregos, poucos o têm), faz questão de manter a sua parte o latifúndio também responsabilizando a escola de tudo o que ela não faz e sonha, com muito amor, em fazer. E a escola virou este hiato, uma “Casa da mãe Joana” em que tudo o que a sociedade não resolve coloca ali para ser manipulado tal qual um objeto amorfo, mesquinhamente disfarçado com os alunos reféns de silêncios, armadilhas e distâncias sociais mantidas, inclusive por tanta pedagogia que, ao invés de provar que educar, também é se indignar, conceder criticidade e não estabelecer o que o Estado, competentemente “trincou”.
E o grande mérito disso tudo? Ter o Brasil que vai ser hexa da Copa, ver, com amor e afeto, além de um grato contentamento, as benesses concedidas pelo país em bolsas de todas as ordens e não vendo que à medida que ele liberta também executa a liberdade mantendo, diligentemente, as distâncias que tanto preza.
Como diria Roberto DaMatta: “O brasileiro pune quem sai do seu lugar” e o senhor Gabriel Chalita cumpre esta tarefa impunemente vendendo, neste território tupiniquim de pilhagem humana, o mérito deste Estado incompetente e aparentemente uniformizado, com uma Educação como um poleiro de gentes, “um moinho de gastar gentes” de todas as ordens e classes e, agora, me distendo pelo país em si e em todo o seu quadro tácito de analfabetismo funcional.
E não é de hoje que sabemos que a Educação e a ignorância estão amasiados e também são de competência de quem está em seus quadros funcionais, aliás, Educação e Estado revelam o que é o Brasil é hoje (se alguns paupérrimos morrem ceifados por um mar de lama, a culpa é deles, e não do Estado).
E munida de um poder que a Educação brasileira me concedeu, nomeio Gabriel Chalita, tal qual um arcanjo infalível, cumprindo o papel de ser um Morfeu numa Matrix bem opulenta e disfarçada (aliás, a educação nem precisa de você, porque ela tem lúpus), manipulando mentes inábeis que se resguardam e que não se insurgem, assumindo a sua mea culpa e falando de amor, de tablados, de tipos de pessoas, em amparar, reerguer o que o Estado minou e ceifou com muito carinho e presteza.
Em tempo, aqui na Bahia, vemos extasiados de afeto e de tanto amor, o Estado fechar escolas e estabelecer uma agenda programática de cursos profissionalizantes, mas como com tal pedagogia, pensar não é grande coisa, sonhemos, uma vez que professores têm muito de idealismo e um pouco de Poliana.
* Anna Carvalho é professora de literatura em Salvador e co-autora de Elenilson Nascimento em “Clandestinos” (2010) e “Diálogos Inesperados Sobre Dificuldades Domadas” (2005). Contato: carvalhoanna141@gmail.com

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