“Quem ama educa”, assim escreveu Içami Tiba em seu livro com este mesmo título. E é no amor que tudo tem o seu começo: o amor é gerador de afeição, de confiança, de proteção, de segurança, de tolerância, de perseverança, de sustentabilidade, de cuidado consigo, com o outro e com todas as coisas.
Não importa de onde venham as palavras, desde que estas fortaleçam o nosso espírito e nos permitam acrescentá-las às nossas vidas transformadas em verdadeiros depoimentos, elas sempre podem nos servir de referência. Tomemos estas palavras:
“O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba. (…)” (Coríntios I, cap. 13; vers. 1 a 13).
Então o amor é tudo e tudo pode. Na sua infinitude e incondicionalidade há, porém, o limite. E é este limite que nos dá a medida de nossas intenções e de nossas ações no ato de educar. Por maior que seja o amor, precisamos reconhecer em nossos filhos aquilo que muitas vezes negligenciamos, em nome do amor. Reconhecer as qualidades, os talentos e tantas outras atitudes e ações positivas que os filhos manifestam é um ato de acolhimento e de amor. E isto é um forte pilar que sustenta a relação em família. Tem como resposta o respeito, o entendimento, a harmonia e nos permite crescer com e na diversidade.
Mas nem sempre os relacionamentos familiares acontecem assim, apesar do amor existente. E muitos podem ser os fatores de desvios, de conflitos que nos remetem às perguntas de sempre: “Onde foi que eu errei (ou nós erramos)?” Vez por outra, deparamos com algumas famílias, que de forma exacerbada, expõem os atributos de seus filhos, atitude mais frequente entre as mães. Podemos, no entanto, transpor um fardo emocional a eles pelo excesso de zelo, de exposição sem medida das suas “virtudes ou qualidades”, pelo sim ou pelo não sem critério, impingindo-lhes a responsabilidade de dar conta das nossas expectativas.
Aí é que mora o perigo! Quando se insiste em manifestações elogiosas do tipo: meu filho é lindo; suas notas são sempre as mais altas; é o melhor desenhista da turma; o melhor na escola, o bem bom nisso, naquilo…, muitas vezes se contribui para mascarar sinais que os filhos nos apontam, quase um pedido de socorro, sem que se os percebam, ou que não se quer enxergar. Logo, o excesso de amor é prejudicial em qualquer tipo de relacionamento: seja como pais e filhos, seja como casal.
Em nome do amor, queremos sempre o melhor para os nossos filhos! E podemos, sim, construir uma educação pela consciência e para a consciência imprimindo-lhes valores que os auxiliarão nas suas escolhas para agir com autonomia e criticidade.
Abertos à reflexão das palavras que nos chegam, seja lendo, como aqui e agora, ou ouvindo, dialogando… teremos maior chance de educar com amor, mas “sob medida”, sensíveis a cada estágio da vida de nossos filhos para formar cidadãos conscientes de seu papel como pessoa e coletividade. Cidadãos do bem e da paz.
Este artigo foi publicado na Revista nº 3, p. 39, da Escola de Pais – Biguaçu – junho de 2011.
Rita Madalena Bunn S. Ramos – Consultora Educacional, Palestrante, Especialista em Psicologia Social, Especialista em Educação Montessori, Terapeuta de Inclusão Pedagógica e Social. Membro da Escola de Pais – Seccional de Blumenau.
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