As primeiras aprendizagens das crianças ocorrem na primeira relação com a mãe (primeiras palavras, gestos...). Nesta relação à criança constrói seu estilo particular de aprendizagem, que sofrerá modificações à medida que a criança se relaciona com outros contextos. Segundo Almeida (1999, p. 48):
Cada estágio da afetividade, quer dizer as emoções, o sentimento e a paixão, pressupõem o desenvolvimento de certas capacidades, em que se revelam um estado de maturação. Portanto, quanto mais habilidade se adquire no campo da racionalidade, maior é o desenvolvimento da afetividade.
Sendo assim, as aprendizagens ocorrem, inicialmente, no âmbito familiar e, depois, no social e na escola. Podemos observar que existe uma grande dificuldade quando ocorre a separação da criança no meio familiar para o meio escolar.
Assim muitas crianças sofrem no primeiro dia de aula e outras não, muitas vezes os professores não são compreensivos e isso faz com que os alunos não aprendam a matéria prejudicando-os futuramente. São várias coisas que podem atrapalhar a vida escolar, as crianças que não são disciplinadas e só fazem o que tem vontade, deixando assim os seus deveres escolares, outras vezes, os pais só querem cobrar dos filhos fazendo ameaças e isso faz com que a criança não se lembre de tudo que estudou. As crianças também podem ter dificuldades em manter a concentração pensando na ameaça dos pais, nas brigas.
Os problemas de aprendizagem como leitura e escrita podem ser causas, sinais e evidências de um processo educacional que está desarticulado ao longo de sua evolução histórica, sendo necessário um resgate do processo de ensino – aprendizagem, deixando aos educadores e aos pais a incapacidade de entender tais problemas como a leitura e a escrita. Segundo Almeida (1999: 91), “[...] é preciso que o professor esteja muito atento aos movimentos das crianças, pois estes podem ser indicadores de estados emocionais que devem ser levados em conta no contexto de sala de aula.”
Para Bossa (2000, p. 18): “Sabemos que o sentidos das aprendizagens é único e particular na vida de cada um, e que inúmeros são os fatores afetivos emocionais que podem impedir o investimento energético necessário às aquisições escolares.”
Mas existem dois fatores principais que interferem na aprendizagem, impossibilitando o fluxo normal do processo de aprender: Primeiro são os fatores internos de ordem orgânico ou psicológico (devemos analisar a história da criança, incluindo a avaliação de sua estrutura familiar, para que se possa identificar como a aprendizagem é significada por este grupo). E o segundo são os fatores externos ligados à metodologia de ensino, às condições sócio-econômicas e ainda aos recursos do educador.
A dificuldade de aprendizagem é resultante de conflitos que se encontram diretamente relacionado à metodologia pedagógica, ao sistema de ensino e, ainda, ao vínculo que o sujeito estabelece com a escola, bem como com os professores, pais e sociedade.
Assim o afeto explica a aceleração ou retardamento da formação das estruturas; aceleração no caso de interesse e necessidade do aluno, retardamento quando a situação afetiva é obstáculo para o desenvolvimento intelectual da criança.
Cabe a instituição escolar contribuir para que a criança integre seu convívio na sociedade, de outro lado à escola deve ajudar a família a solucionar o problema de seus filhos, reintegrando a imagem que se tem deles. Algumas vezes sendo necessário encaminhamento a profissionais especializados como psicólogos ou psicopedagogos. A escola, o educador e a família devem, pois, ser testemunhas da possibilidade do conhecimento.
Para amenizar alguns problemas existem dois profissionais pelos quais trabalham com essa área:
O psicopedagogo institucional é o que trabalha dentro da escola ajudando crianças e adolescentes a resolverem seus problemas na vida escolar. Além de orientar a criança, o psicopedagogo institucional poderá orientar os pais, que muitas vezes estão passando por problemas familiares.
E o psicopedagogo clínico é aquele que tem uma clínica para atender os alunos também com problemas escolares.
Os psicopedagogos são, portanto, profissionais preparados para a prevenção, diagnóstico e o tratamento dos problemas de aprendizagem escolar. Através do diagnóstico clínico ou institucional eles identificam a causa do problema, que podem ser identificados através de testes, atividades pedagógicas, história, jogos etc.
Na escola o psicopedagogo institucional vai atuar junto com os professores para a melhoria das condições do processo de ensino e aprendizagem.
Com este trabalho conclui-se que as manifestações de afetividade exercem um papel fundamental no processo de desenvolvimento do aluno, seja ela criança ou adolescente.
A relação entre inteligência e afetividade, razão e emoção no desenvolvimento do aluno e no contexto da educação estão inteiramente ligadas ao desempenho escolar. Pois o desenvolvimento é um processo contínuo e a afetividade tem um papel imprescindível nesse processo de desenvolvimento do aluno, no entanto, o meio deve proporcionar relações de afetividade entre pais e filhos, professores e alunos.
Uma vez que a ausência de uma educação que aborde a emoção tanto na sala de aula quanto na família traz prejuízos que não poderão ser corrigidos pela ação pedagógica resultando em grandes dificuldades de aprendizagem por parte do aluno.
Cabendo aos pais e aos professores construírem com o papel de afetividade no desenvolvimento da criança, onde sejam trabalhadas as emoções de forma prazerosa, pois o resultado do trabalho com essas emoções pode resultar em grandes aprendizagens significativas, seja ela em casa ou na escola.
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, A. R. S. emoção na sala de aula. Campinas, SP: Papirus, 1999.
BOSSA, N. A. Dificuldades de aprendizagem: O que são? Como tratá- las? Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
CURY, A. J. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
__________. Você é insubstituível. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.
FERNANDEZ, A. A Inteligência Aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
FERREIRA, A. B. H. Novo Aurélio XXI: o dicionário da Língua Portuguesa. 3 ed. Totalmente revista e ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
MIRANDA, G. M. O processo de Socialização na escola: a evolução da condição social da criança. In: LANE, Silva. Social o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1994.
TIBA, I. Quem ama educa. São Paulo: Gente, 2002.
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968.
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