sexta-feira, 2 de setembro de 2011

OS JESUÍTAS E A EDUCAÇÃO NO BRASIL COLÔNIA


Os jesuítas são uma ordem fundada por Inácio de Loyola, em Paris (1534), com objetivos de levar o catolicismo a novos povos e de fazer frente à expansão da reforma protestante. Os primeiros jesuítas chegaram ao território brasileiro em 1549 juntamente com o primeiro governador geral, Tomé de Souza. À frente estava o famoso padre Manoel de Nóbrega. Contudo, o primeiro ‘professor’, no sentido da palavra, foi Vicente Rodrigues, que na época tinha apenas 21 anos. Durante os próximos 50 anos dedicou-se ao ensino e a propagação da fé católica. Mas o mais conhecido e (talvez) atuante foi o padre José de Anchieta.

Anchieta tornou-se mestre no Colégio de Piratininga. Além disso foi missionário em São Vicente (SP), onde escreveu na areia De beata virgine Dei matre Maria, missionário em Piratininga, Rio de Janeiro e Espírito Santo; provincial da Companhia de Jesus de 1579 a 1586 e reitor do Colégio do Espírito Santo. As rivalidades dos jesuítas com os protestantes também se apresentam em sua experiência - infelizmente participa da condenação em 1559 de um refugiado huguenote, o alfaiate Jacques Le Balleur. Mas os aspectos positivos se sobressaem e é dele o primeiro livro didático (e pedagógico) utilizado no Brasil: A Arte da gramática da língua mais usada na costa do Brasil, impressa em Coimbra em 1595 por Antonio de Mariz. É a primeira gramática contendo os fundamentos da língua tupi.

Os jesuítas se dedicaram a propagação da fé católica e ao trabalho educativo. Dispuseram-se a ensinar aos índios a ler e escrever. De Salvador a obra jesuítica estendeu-se para o sul e em 1570, vinte e um anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente, Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia).

Nas escolas jesuítas funcionavam alguns princípios que se mantiveram por mais de duzentos anos: unificação do método de ensino por todos os professores, ênfase na concentração e na atenção silenciosa dos alunos e um processo de ensino ligado à repetição e memorização dos conteúdos apresentados. Todos estes princípios se sobressaem na Ratio Studiorum (Ordem dos Estudos), síntese da experiência pedagógica dos jesuítas, composta de normas e estratégias, que visavam à formação integral do homem, de acordo com a fé e a cultura católica daquele tempo.

Os jesuítas não se limitaram à alfabetização; além do curso básico, eles ofereciam os cursos de Letras e Filosofia, considerados secundários, e o curso de Teologia e Ciências Sagradas, de nível superior, para formação de sacerdotes.

No curso de Letras estudava-se Gramática Latina, Humanidades e Retórica; e no curso de Filosofia estudava-se Lógica, Metafísica, Moral, Matemática e Ciências Físicas e Naturais. Quem pretendia avançar (e possuía influência ou recursos), ia estudar na Europa, na Universidade de Coimbra, em Portugal, a mais famosa no campo das ciências jurídicas e teológicas, ou na Universidade de Montpellier, na França, na época, a mais procurada na área da medicina.

Para afastar os índios dos interesses dos colonizadores, os jesuítas criaram as missões, estas, mais afastadas, no interior do país. Nessas missões, os índios, além de passarem pelo processo de catequização, também foram orientados no trabalho agrícola, que garantia a todos (índios e jesuítas) uma fonte de renda. Essa ‘boa idéia’ acabou se transformando em uma armadilha: as missões transformaram os índios nômades em agricultores de endereço fixo, o que contribuiu para facilitar a captura deles pelos colonos, que conseguiram, muitas vezes capturar tribos inteiras nas missões.

Duzentos e dez anos de educação e influência dos jesuítas chegaram ao fim em 1759 (1760). Sebastião José de Carvalho, o Marquês de Pombal (primeiro-ministro de Portugal de 1750 a 1777), acusou-os de conspirarem contra o reino e os expulsou de todas as terras sob a influência de Portugal. No momento da expulsão os jesuítas mantinham 36 missões e 17 colégios e seminários. Isso, além dos seminários menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. Com a saída dos jesuítas, a educação brasileira vivenciou uma grande ruptura histórica em seu processo educacional – afinal de contas, o modelo jesuítico era um processo implantado e consolidado como modelo educacional em nosso país.

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