sexta-feira, 2 de setembro de 2011

PARA FAZER ALGUÉM FELIZ



“O justo anda na sua sinceridade; bem-aventurados serão os seus filhos depois dele.” (Pv.20:7)
O termo bem-aventurado significa feliz. A felicidade tem se tornado a cada dia um desafio maior para a sociedade. Tornamo-nos exigentes demais para sermos felizes. Na verdade ela ficou cara, dependente de posses, tornou-se totalmente artificial. A satisfação dos desejos que nos traz uma sensação de saciedade, não consegue atender as nossas demandas, pois esses mesmos desejos se acumulam sem dar tempo hábil para que sejam alcançados. O resultado disso é uma insatisfação com a vida, estress, um mau-humor terrível por causa das frustrações que nós mesmos alimentamos.
As pessoas de hoje em dia não conseguem mais deleitar-se com o que Deus nos dá gratuitamente. Enquanto as multidões se espremem nos corredores dos shoppings centers das cidades, quantos tem apenas sentado para contemplar o pôr-do-sol? Quantos pais tem preservado o bom hábito de ler histórias para os filhos ao invés de entregá-los à violência e à sensualidade dos programas de TV? Os grupos de amigos preferem os fast-foods das praças de alimentação do que os piqueniques ao ar livre. É lógico que existem outros fatores atrelados a esse novo estilo da sociedade moderna, como o da segurança por exemplo. No entanto, precisamos assumir que ao desprezarmos o que é simples e natural, nos distanciamos cada vez mais de sermos no mínimo gratos a Deus pela vida, e assim felizes.
A nova geração, as crianças e adolescentes são os principais afetados por essa realidade. As pesquisas mostram que as doenças que mais matam atualmente são as chamadas psicossomáticas, isto é, aquelas que são originalmente psicológicas e depois se manifestam fisicamente. A depressão é a principal vilã dos nossos dias, e o pior é que não ataca somente adultos estressados, mas tem vindo com carga total sobre a juventude, incluindo as crianças também.
Certo dia na sala de aula, resolvi abrir mão do conteúdo programático durante uma aula, a fim de conversar com minha turma de Design sobre valores importantes da vida, como autoestima, sonhos, confiança, amizade e outros temas que abordamos num bate-papo. Durante a conversa, após ouvirmos vários alunos, todos jovens, compartilhando suas opiniões e experiências, falei um pouco sobre a realidade da depressão nos dias atuais e em seguida perguntei se eles conheciam pessoas próximas que sofrem dessa doença. Todos levantaram as mãos, e para minha surpresa boa parte da turma disse que luta pessoalmente contra isso e que já teve crises gravíssimas a ponto de tentar tirar a própria vida. Alguns deles enfatizaram as causas, praticamente todos estavam ligados com os relacionamentos quebrados dentro da família, a maioria sofria com a separação dos pais, mesmo já sendo todos jovens adultos.
Nesse versículo, o Sábio Salomão nos faz uma advertência. Principalmente aos pais. Ele nos desafia a viver com integridade, a sermos justos que andam na sinceridade, pois a felicidade dos nossos filhos depende disso. Agora, como promover a felicidade de outros se não garantimos a nossa? Ou melhor, se não garantiram a nossa? Para muitos essa será uma tarefa dobrada, pois não receberam uma boa herança dos seus pais e agora precisam agarrar de alguma forma o prazer de viver e compartilhá-lo com seus filhos.
Embora essa seja a realidade que muitas pessoas vivam, os seus passados não devem servir de muletas para justificarem as suas deficiências. Uma coisa que aprendi esses dias é que as coisas que nos causaram traumas, fobias, complexos e outros males, devemos abandoná-las, precisamos esquecer, trocar o disco, virar a página, passar pra outra...
“Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam...”(Fp. 3:13)
“Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.” (Is. 43:18)
É lógico que nesses textos acima, o contexto não está referindo-se a dissimulações e ocultação de erros, mas de cada um de nós nos desvencilharmos do passado que nos atrasa, que nos prende, que nos impede de crescer nas áreas que já éramos para sermos maduros. Existem pessoas que preferem ficar lambendo suas feridas, passando por pobres coitados, pois assim se torna muito mais fácil justificar suas debilidades que nunca são tratadas.
Não é porque fomos espancados quando crianças que temos permissão para repetir isso com nossos filhos. Não é porque nos faltou demonstrações de afeto e amor que também estamos isentos de amar de forma expressiva e intensa aqueles que estão ao nosso redor. Pelo contrário, devemos nos esforçar muito mais para quebrar esse legado de infelicidade que tem acompanhado as gerações.
Talvez você já tenha ouvido a história que vou descrever agora, mas ela retrata muito bem as falhas que os pais cometem repetidamente. Todas as noites quando o pai chegava em casa, a primeira coisa que esse senhor fazia era jogar os sapatos para o alto, sentar em frente a TV exausto do trabalho e passar horas assistindo programas jornalísticos, futebol, etc. O filho de 8 anos, todos os dias ficava ansioso com a chegada do pai, querendo conversar, mostrar os trabalhos da escola, brincar, mas sempre que se aproximava o pai não tinha tempo, pois estava ocupado com alguma coisa. Certa vez, o filho após conseguir uma brechinha entre os programas de TV perguntou quanto o seu pai ganhava por hora de trabalho. A resposta que teve, na verdade foram outras perguntas: Pra que você quer saber? Que pergunta idiota é essa? Mesmo assim, o menino insistiu e o pai impaciente, para descartar o filho, falou o valor que recebia por uma hora de trabalho. Na semana seguinte, o filho bateu a porta do escritório do pai, ao ser recebido, antes que fosse falado alguma coisa, o menino estendeu a mão com algumas cédulas e moedas na direção daquele homem. Sem entender, o pai perguntou: Para quê esse dinheiro? De forma inocente, mas com toda sinceridade, o garoto respondeu: Eu trouxe o valor para pagar um hora do seu trabalho pro senhor ficar um pouco comigo.
Um dia desses ouvi uma palestra sobre criação de filhos, onde o palestrante sendo um Terapeuta Familiar explicou como as crianças percebem o amor da sua família, principalmente dos seus pais. Enganamo-nos quando achamos que os nossos filhos fazem uma leitura do amor como nós fazemos. Alguns pais substituem amor por presentes. Carinho por viagens. Afeto por vídeo games. Comunicação por internet banda larga. Na verdade, segundo o terapeuta, as crianças leem amor com 5 letras, diferente do soletrar literal. Eles não veem A – M – O – R, mas essa palavra tão especial é vista por elas por outra ótica, isto é, elas leem amor da seguinte maneira: T – E – M – P – O.
De fato, precisamos rever nossas prioridades. Precisamos refazer nossas agendas. O que não nos faltam são oportunidades, o sol continua se pôr todos os dias como um show da vida, os banhos de chuva são deliciosos quando se tem o propósito de fazerem deles uma diversão, um futebolzinho na frente de casa pode ser a emoção de um Maracanã lotado se houver entrega, brincar de casinha com a menina vai reforçar por toda a vida a sua feminilidade. Transforme cada momento desse em uma mina a ser explorada de onde será extraída a mais genuína pedra preciosa para você e sua família. Viva e seja feliz.

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