sexta-feira, 11 de maio de 2012

"A educação deve acontecer de maneira prazerosa, o professor deve criar situações para que o aluno se apaixone pela escola"!

Antes que seja tarde

Cinco sugestões para fortificar a amorosidade na docência

Há momentos em nossa trajetória docente nos quais vários princípios precisam ser relembrados, de modo a fortalecer a certeza da impossibilidade de desistir e, ao mesmo tempo, reforçar a convicção do lugar imprescindível da prática pedagógica honesta, leal e amorosa. Por isso, no livro A ESCOLA E O CONHECIMENTO (Cortez/ Instituto Paulo Freire) registrei reflexões que, agora, com a intenção de reanimar nossa razão de ser, retomo em forma de pentálogo.
  1. Como o interior de uma relação afetiva, o saber impõe dedicação, confiança mútua e prazer compartilhado. No lugar dessa relação, o tamanho, o arranjo e a localização espacial não importam muito, desde que a partilha seja agradável e justa. Cada um dos envolvidos nessa situação traz o que já tinha para trocar, só que a troca não deve levar a perdas. Por ser uma repartição de bens, todos precisam se esforçar para que cada um fique com tudo.
  2. A educação é um espaço para confrontos, conflitos, rejeições, antipatias, paixões, adesões, medos e sabores. Por isso, essa relação exala humanidade e precariedade. A tensão contínua do compartir conduz, às vezes, a rupturas emocionadas ou a dependências movidas pelo temor da solidão; afinal, ser humano é ser “junto”, o que implica um custo sensível.
  3. A criação e  a recriação do conhecimento não está  apenas em falar sobre coisas prazerosas, mas, principalmente, em falar prazerosamente sobre as coisas. Quando o educador exala gosto pelo que está partilhando, ele interessa nisso também o outro. Não necessariamente o outro vai apaixonar-se por aquilo, mas aprender o gosto é fundamental para passar a gostar. É difícil imaginar que Newton, Mozart, Fernando Pessoa, Michelangelo ou Tom Jobim, por exemplo, não tivessem no prazer uma de suas fontes de animação, sem por isso deixar de envolver-se com atividades que exigem concentração e esforço.
  4. Seriedade não é, e nem pode ser, sinônimo de tristeza. O ambiente alegre é propício à aprendizagem e a criatividade, desde que não se ultrapasse a sutil fronteira entre  alegria e a descontração improdutiva. A alegria vem, em grande parte, da leveza com a qual se ensina e se aprende; vem da atenção àquelas perguntas que parecem fora do assunto, mas que vão capturar a pessoa para um outro passeio pelos conteúdos; vem da percepção de que aquilo se está estudando tem um sentido e uma aplicabilidade (mesmo que não imediatos).
A alegria, em suma, é resultante de um processo de “encantamento” recíproco, no qual a transação de conhecimentos e preocupações não é unilateral. A educação é, simbolicamente, um lugar de amorosidade; mas a amorosidade não é um símbolo, é um sentir. Não pode ser anulada, só ausentar-se. A sustentação da amorosidade na educação não deve ser descuidada. Como em quase tudo que envolve a proteção da vida, é preciso recomeçar cedo, antes que seja tarde!
SÉRGIO CORTELLA

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