quinta-feira, 3 de maio de 2012

  O SURGIMENTO DO CONCEITO DE CRIANÇA E DE INFÂNCIA

As ideias e noções sobre a inncia e a criança são construções históricas e, como
tais, mostram-se diferenciadas dependendo do tempo em que as mesmas foram sedelineando.
Podemos afirmar que a ideia sobre a inncia como um tempo de vida diferentedas demais foi forjada historicamente de tal forma que. durante séculos, a noção decriança se restringia a um período de tempo de vida na continuidade biológica dasgerações.
A ausência de um sentimento de infância, tal como o conhecemos hoje, atravessoua história da humanidade, registrando épocas de grande abandono e mortandade dascrianças.
Nas sociedades antigas, o status da criança era nulo, e sua existência no meio
s
ocial dependia inteiramente do pai. Crianças pobres ou deficientes podiam serabandonadas ou até sacrificadas pelo seu genitor. O infanticídio era prática comume até incentivada. inclusive como proposta política de controle populacional.
Essa fase da vida humana era ignorada c considerada de forma indiferenciada do
a
dulto. Tal indiferenciação incla assumir o papel produtivo direto ns sociedades
e
m que VIVIam.
Até o século XII, de acordo com Áries (1981), a idéia de infância, tal como aconhecemos hoje, era impensada. Como a criança era considerada apenas um
pro
longamento da espécie e. dado que sua existência era tão efêrnera (em função doalto índice de mortalidade). nem mesmo as criões artísticas retratavam a imagemcorporal de crianças.
Tal noção de infância, como um membro e prolongamento da linhagem. como
u
m tempo de vida necessário à continuidade biológica das gerações perdurou. atéaproximadamente o século XV.
A partir do século XV, durante a Renascença, as representações da s crianças
r
etratadas nas obras de arte, tais como a pintura, nos ajudam a compreender comoas mesmas eram concebidas naquela época: retratadas como anjinhos, representando
o
innuo. o inocente, o bom e o puro.
Tal imagem de criança revela o tempo da auncia de moral e de pudor a serconquistados, na fase adulta, e nunca mais perdidos.
A criança, concebida como naturalmente pura, frágil e inocente, também seria incapaz de pensar por si própria. de realizar movimentos de criação; enfim, de ter identidade própria. Esse "anj inho" em forma de criança seria concebido como um vir-a-ser, uma promessa de futuro, que só se completaria quando se tornasse adulto.
Sendo uma promessa de futuro, as crianças não tinham como ser representadas por elas próprias; os artistas, ao retratá-Ias, não as dif enciavam dos adultos, pois não havia uma imagem social para as crianças.
Os registros iconográficos dos séculos XVI E XVII revelam os traços de indiferenciação das crianças dos adultos. Observando a obra de Velàzquez pintada em 1656, que retrata uma criança de cinco anos de idade, filha do Rei Felipe VI da Espanha, no centro da tela, cercada por outras crianças e adultos, sendo o próprio pintor autorretratado no canto esquerdo da tela. É possível distinguir entre adultos e crianças?

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