Prof. MS. João Beauclair
Resumo:
Este artigo pretende vincular aspectos teóricos da Aprendizagem Significativa, abordando a construção de Diários de Bordo como configuração de registros de aprendência, na práxis de formação em Psicopedagogia vivenciado pelo autor enquanto mediador em cursos de pós-graduação lato-sensu. O conjunto de idéias aqui elaborado é fruto de algumas inquietações sobre ensinagem e, ainda, procura demonstrar como esta estratégia de formação de adultos pode ser facilitadora dos processos de resgate e/ou construção de autoria de pensamento e de significação e sentido para o agir/fazer de cada ensinante e de cada aprendente.
Palavras-chaves:
Aprendizagem Significativa, Diários de Bordo, Aprendência, Práxis psicopedagógica, Construção do olhar, Autoria de pensamento.
I - Aprendizagem Significativa na construção de Diários de Bordo
“Mas cada um só vê e entende as coisas de um seu modo”
Guimarães Rosa
“O que é, exatamente por ser tal como é,
não vai ficar tal como está.”
Bertolt Brecht
Nos processos de ensinagem o essencial é que o ato de aprender e ensinar sejam significativos e seus processos materiais possam ser apreendidos com a objetivação de se fazer sentido, tanto para ensinantes como para aprendentes, quando uma informação nova busca ancoragem em conceitos anteriormente existentes nas estruturações de cognição presentes em cada um de nós. A informação nova interage com as estruturas específicas do conhecimento, por Ausubel denominada de "subsunçor".
Neste sentido, o que precisa ser apreendido liga-se ao já conhecido, e à medida que tal processo não ocorre, o que podemos perceber é a aprendizagem mecânica , outro conceito importante na teoria de Ausubel, onde se constata que, quando as novas informações são apreendidas sem interação, não ocorre nenhuma alteração na estrutura cognitiva e sim o processo de decorar fórmulas e leis, regras e conteúdos para apenas ser avaliado, sem nenhuma significação real na constituição das subjetividades dos sujeitos.
Na aprendizagem significativa, o fundamental é que ocorra ao menos duas situações iniciais. A primeira reside na figura do aprendente, que deve ter incorporado ao seu mover-se no mundo o desejo de aprender, indo além da memorização pura e simples. Caso isso não ocorra, percebemos a aprendizagem mecânica, não dotada nem de significado nem de sentido.
Outra situação a ser observada está ligada ao fato de que o conteúdo/tema a ser assimilado, construído e apreendido na relação de ensinagem entre ensinantes e aprendentes deve ser significativo, criar possibilidades de vínculos psicológicos e filosóficos e conter, em sua vinculação, sentido lógico e que neste processo, ocorra a mediação enquanto experiência entre sujeitos que interagem, cada qual com sua própria bagagem existencial e com seus próprios modos de ser e estar neste movimento de aprendizagem.
Na experiência que aqui é relatado fica claro que a construção do conhecimento se dá a medida em que cada um movimenta-se no sentido e na direção de articular novos saberes aos que já possui. Tal estruturação cognitiva perpassa a trajetória de cada aprendente, em todo o seu processo existencial, vivenciado de modo consciente ou não, através de uma seqüência de eventos, única para cada pessoa e desse modo se configura como um processo idiossincrático. Atualmente, esse entendimento de como se constrói a estrutura cognitiva humana chama-se genericamente de construtivismo.
Na década de sessenta David Ausubel propôs a sua Teoria da aprendizagem significativa, onde enfatiza a aprendizagem de significados (conceitos) como aquela mais relevante para seres humanos. Ele ressalta que a maior parte da aprendizagem acontece de forma receptiva, e desse modo a humanidade tem se valido para transmitir as informações ao longo das gerações. Uma de suas contribuições é marcar claramente a distinção entre aprendizagem significativa e a aprendizagem mecânica.
Neste Seminário iremos expor em linhas gerais como se dá a construção do conhecimento segundo a Teoria da Aprendizagem significativa de Ausubel, bem como algumas de suas aplicações para o Ensino de modo geral, e Ensino de Física em particular.
Na busca por informações, conceitos, idéias, exemplos e sugestões de como autuar como mediador em grupos humanos para o exercício de minha docência, sempre me pautei pela curiosidade, experimentação e criatividade. Desde a educação infantil, onde iniciei pelo trabalho como educador, estas três palavras sempre marcaram minha práxis: curiosidade, experimentação e criatividade.
Curiosidade
II – Registros de aprendência: uma prática motivadora.
“O mistério da vida me causa a mais forte emoção.
É o sentimento que suscita a beleza e a verdade,
cria a arte. Se alguém não conhece esta sensação
ou não pode mais experimentar
espanto ou surpresa,
já é um morto vivo e seus olhos se cegaram”
Albert Einstein
III - Prática Psicopedagógica e Autoria de Pensamento: o aprender a ser, a fazer, a conviver, a conhecer.
“Atitude: só para quem tem a ousadia de
querer ser si mesmo, deixar de sofrer, se encontrar.
Tudo está em suas mãos.”
Anônimo
“O senhor... mire e veja o mais importante no mundo é isto”:
que as pessoas não estão sempre iguais,
não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando.
É isso que a vida me ensinou. Isso me alegra.”
João Guimarães Rosa
IV - Um quinto pilar a aprendizagem essencial: aprender a amar.
“Algum dia, quando tivermos dominado os ventos,
as ondas, as marés e a gravidade...
utilizaremos as energias do amor.
Então, pela segunda vez na história do mundo,
o homem descobrirá o fogo”
Teilhard de Chardin
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