O que seria da vida sem o afeto, sem o amor, sem o envolvimento social?*
A proposição deste tema, a importância do afeto e da sociabilidade, parece rica, instigante e de uma atualidade extremamente necessária, pois uma temática desta natureza remete a um conjunto de questões que tem, como pano de fundo, a gradual perda da condição amorosa e, portanto, de uma das condições fundamentais de humanização, que é preciso resgatar. Tal reflexão desdobra-se ainda, em outras indagações: de que forma, a que preço, em nome de que desejos, os afetos foram se configurando? Com que roupagens eles se apresentam hoje? Quais são, enfim, seus objetos de investimentos?
As pessoas estão cada vez mais econômicas nos afetos, como se fosse algo que pudesse acabar, guardam afetos como um avarento guarda dinheiro. Esta miséria afetiva, como refere R. Shinyashiki, é tão ou mais grave que a miséria material, pois priva o ser humano da sua condição de homem participante de um grupo social, conduzindo-o à mesquinhez, à solidão. Assim, as pessoas passam fome de amor, apesar da abundância de amor existente na humanidade.
Estudos recentes revelam que os seres humanos são muito mais interdependentes e interligados, tanto fisiológica como psicologicamente, do que culturalmente se possa reconhecer. Desde criança busca-se o afeto e isto remete ao encontro do outro que é vital.As pessoas estão cada vez mais econômicas nos afetos, como se fosse algo que pudesse acabar, guardam afetos como um avarento guarda dinheiro. Esta miséria afetiva, como refere R. Shinyashiki, é tão ou mais grave que a miséria material, pois priva o ser humano da sua condição de homem participante de um grupo social, conduzindo-o à mesquinhez, à solidão. Assim, as pessoas passam fome de amor, apesar da abundância de amor existente na humanidade.
De acordo com as pesquisas, quando uma criança é privada de afeto e de cuidados, as consequências podem incluir alterações psicológicas, psiquiátricas, neurológicas, imunológicas ou hormonais na vida adulta. Na idade escolar, já se pode observar na criança alguns efeitos neuropsicológicos, os quais vão interferir na aprendizagem. A afetividade influencia o comportamento, o desenvolvimento intelectual e o da personalidade. Isto envolve também a sociabilidade pois a afetividade é a primeira forma de interação com o ambiente. Ambos contribuem para a saúde mental de todo ser humano. Na escola a afetividade se bem atendida, ajudará seu filho para que tenha êxito nos estudos. Ela pode acelerar ou diminuir o ritmo de desenvolvimento. É portanto responsável pela ativação da atividade intelectual. Uma vez com suas capacidades afetivas e cognitivas expandidas através da contínua construção, as crianças tornam-se capazes de investir afeto e ter sentimentos validados nelas mesmas. Neste aspecto, a auto estima mantém uma estreita relação com a motivação ou interesse da criança para aprender. Quando uma criança recebe afeto dos outros consegue crescer e desenvolver com segurança e determinação.
A afetividade inclui sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções, ou seja, todos os aspectos da vida. Por estar diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifesta dentro dele. Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações e experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá. A afetividade, ao contrário das emoções, é um sentimento mais duradouro, significa por exemplo que uma pessoa está envolvida com algo ou alguém e este fato pode se constituir desde emoções simples até os sentimentos mais complexos que caracterizam a própria personalidade do indivíduo. O poder do afeto é a possibilidade de determinar as ações, as condutas, os pensamentos que se terá diante desta ou daquela pessoa. Observa-se que a criação do vínculo afetivo leva tempo. Isto que dizer que é necessário compartilhar história para que os laços afetivos se solidifiquem. Existem alguns transtornos que ocorrem devido à ausência ou pouco recebimento de afeto, onde os mais evidenciados são depressão, fobias, somatizações e ansiedade generalizada. Pessoas com recordações e experiências ruins e/ou tristes se tornam apáticas, ou seja, pessoas que excluem a afetividade de sua vida e que se tornam frias e ausentes de emoção. Quando as pessoas não conseguem excluir a afetividade de sua vida, podem ainda torna-se incontinentes emocionais. A incontinência emocional é uma alteração da afetividade onde o indivíduo não consegue se dominar emocionalmente. São dois extremos.
Neste perspectiva, o desenvolvimento da vida saudável passa por uma reflexão sobre a forma como o indivíduo relaciona-se consigo mesmo e com o mundo social a que pertence, enquanto ser afetivo, que experimenta e gera prazer. Envolve uma mudança na relação entre a pessoa e o mundo. Promover a saúde significa condenar todas as formas de conduta que violentam o corpo, o sentimento e a razão humana, gerando conseqüentemente, a servidão, a perda da liberdade e a cristalização da angústia. Para resgatar a saúde é necessário despertar as emoções, sejam elas positivas ou negativas. Agir com mais coragem e audácia, quando a sensação de impotência se transforma em energia e força para lutar.
Segundo o psicanalista e psiquiatra C.Dejours, saúde é a possibilidade de ter esperança e potencializar esta esperança em ação. Por isso constitui-se num processo que diz respeito à convivência social e à vivência pessoal. As ligações sociais são de suma importância para o indivíduo por produzirem efeitos que podem salvar de um isolamento doloroso. Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar em sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do indivíduo de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. Se o indivíduo está convencido de que não pode ser amado, isto vai aumentar a experiência de sofrimento e o consequente distanciamento do contato social. A baixa auto-estima pode dar início à desconexão social que pode levar à solidão e a solidão prolongada é ainda mais grave e preocupante. Acredita-se que os relacionamentos sociais têm um poder terapêutico que servem com um bálsamo curativo.
As necessidades fundamentais ao desenvolvimento do homem, no sentido de alcançar a plenitude da saúde são: o pensar, o agir, o imaginar e o amar. Nesse sentido, não basta apenas ministrar medicamentos ou ensinar novos conhecimentos e padrões comportamentais. É preciso atuar nas necessidades e emoções que mediam tais conhecimentos e práticas, isto é, na base afetiva do comportamento. Em quase todas as doenças, observam-se relações curiosas entre o que se passa na mente das pessoas e a evolução de sua doença física. Quando se perde o contato com os sentimentos, perde-se o contato com as qualidades mais humanas, perde-se a saúde. Em contrapartida, observa-se uma irracionalidade da nossa cultura, ao focalizar a competição e o individualismo, em detrimento da família e da comunidade. Confunde-se singularidade com individualidade, e assim, a busca de soluções sociais passa a ser realizada individualmente. Dá impressão de não haver mais esperança para estas soluções sociais e valores como solidariedade, fraternidade e igualdade, entre outros, se diluem, restando as pessoas, apenas, o engrandecimento insignificante da sua própria imagem, destituída de referências, pela ausência de todos os outros que lhe servem como suporte. Faz-se mister restaurar nas pessoas o espaço de convivência, da afetividade como bens imprescindíveis a uma vida digna, por que não? Que se possa resgatar a alegria de viver, de amar, de compartilhar, de estender a mão para o próximo e abraçar aqueles que vos cerca. São atos tão simples, mas que, hoje, se constituem como verdadeiros desafios e, possivelmente, como caminhos para o resgate da condição humana.
*Texto: Dra. Solange Brígido Gonçalves - Psicóloga Clínica
A afetividade inclui sentimentos, desejos, interesses, tendências, valores e emoções, ou seja, todos os aspectos da vida. Por estar diretamente ligada à emoção, a afetividade consegue determinar o modo com que as pessoas visualizam o mundo e também a forma com que se manifesta dentro dele. Todos os fatos e acontecimentos que houve na vida de uma pessoa traz recordações e experiências por toda a sua história. Dessa forma, a presença ou ausência do afeto determina a forma com que um indivíduo se desenvolverá. A afetividade, ao contrário das emoções, é um sentimento mais duradouro, significa por exemplo que uma pessoa está envolvida com algo ou alguém e este fato pode se constituir desde emoções simples até os sentimentos mais complexos que caracterizam a própria personalidade do indivíduo. O poder do afeto é a possibilidade de determinar as ações, as condutas, os pensamentos que se terá diante desta ou daquela pessoa. Observa-se que a criação do vínculo afetivo leva tempo. Isto que dizer que é necessário compartilhar história para que os laços afetivos se solidifiquem. Existem alguns transtornos que ocorrem devido à ausência ou pouco recebimento de afeto, onde os mais evidenciados são depressão, fobias, somatizações e ansiedade generalizada. Pessoas com recordações e experiências ruins e/ou tristes se tornam apáticas, ou seja, pessoas que excluem a afetividade de sua vida e que se tornam frias e ausentes de emoção. Quando as pessoas não conseguem excluir a afetividade de sua vida, podem ainda torna-se incontinentes emocionais. A incontinência emocional é uma alteração da afetividade onde o indivíduo não consegue se dominar emocionalmente. São dois extremos.
Neste perspectiva, o desenvolvimento da vida saudável passa por uma reflexão sobre a forma como o indivíduo relaciona-se consigo mesmo e com o mundo social a que pertence, enquanto ser afetivo, que experimenta e gera prazer. Envolve uma mudança na relação entre a pessoa e o mundo. Promover a saúde significa condenar todas as formas de conduta que violentam o corpo, o sentimento e a razão humana, gerando conseqüentemente, a servidão, a perda da liberdade e a cristalização da angústia. Para resgatar a saúde é necessário despertar as emoções, sejam elas positivas ou negativas. Agir com mais coragem e audácia, quando a sensação de impotência se transforma em energia e força para lutar.
Segundo o psicanalista e psiquiatra C.Dejours, saúde é a possibilidade de ter esperança e potencializar esta esperança em ação. Por isso constitui-se num processo que diz respeito à convivência social e à vivência pessoal. As ligações sociais são de suma importância para o indivíduo por produzirem efeitos que podem salvar de um isolamento doloroso. Para sentir solidão, entretanto, o indivíduo passa por um estado de profunda separação. Isto pode se manifestar em sentimentos de abandono, rejeição, depressão, insegurança, ansiedade, falta de esperança, inutilidade, insignificância e ressentimento. Se tais sentimentos são prolongados eles podem se tornar debilitantes e bloquear a capacidade do indivíduo de ter um estilo de vida e relacionamentos saudáveis. Se o indivíduo está convencido de que não pode ser amado, isto vai aumentar a experiência de sofrimento e o consequente distanciamento do contato social. A baixa auto-estima pode dar início à desconexão social que pode levar à solidão e a solidão prolongada é ainda mais grave e preocupante. Acredita-se que os relacionamentos sociais têm um poder terapêutico que servem com um bálsamo curativo.
As necessidades fundamentais ao desenvolvimento do homem, no sentido de alcançar a plenitude da saúde são: o pensar, o agir, o imaginar e o amar. Nesse sentido, não basta apenas ministrar medicamentos ou ensinar novos conhecimentos e padrões comportamentais. É preciso atuar nas necessidades e emoções que mediam tais conhecimentos e práticas, isto é, na base afetiva do comportamento. Em quase todas as doenças, observam-se relações curiosas entre o que se passa na mente das pessoas e a evolução de sua doença física. Quando se perde o contato com os sentimentos, perde-se o contato com as qualidades mais humanas, perde-se a saúde. Em contrapartida, observa-se uma irracionalidade da nossa cultura, ao focalizar a competição e o individualismo, em detrimento da família e da comunidade. Confunde-se singularidade com individualidade, e assim, a busca de soluções sociais passa a ser realizada individualmente. Dá impressão de não haver mais esperança para estas soluções sociais e valores como solidariedade, fraternidade e igualdade, entre outros, se diluem, restando as pessoas, apenas, o engrandecimento insignificante da sua própria imagem, destituída de referências, pela ausência de todos os outros que lhe servem como suporte. Faz-se mister restaurar nas pessoas o espaço de convivência, da afetividade como bens imprescindíveis a uma vida digna, por que não? Que se possa resgatar a alegria de viver, de amar, de compartilhar, de estender a mão para o próximo e abraçar aqueles que vos cerca. São atos tão simples, mas que, hoje, se constituem como verdadeiros desafios e, possivelmente, como caminhos para o resgate da condição humana.
*Texto: Dra. Solange Brígido Gonçalves - Psicóloga Clínica
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