Término das aulas do dia.Saída da escola.
Mães, em pequenos grupos, conversam. Algumas estão agitadas, inquietas. Talvez irritadas com o procedimento da professora ao cobrar, tão insistentemente, a pesquisa que deveria ter sido entregue pelos alunos... e não o foi no tempo previsto.Os argumentos, todos válidos, são os mais diversos: "O tempo dado pela professora foi curto.." ou "Não havia material em casa sobre o assunto, não tive tempo de ajudá-lo... nessa semana trabalhei até tarde e... tudo deu errado!" ou ainda "Ele é muito novo, não compreende o que é pesquisar, perde-se no meio dos textos! Eu então acabo ditando ou fazendo por ele! Onde está a professora que não o orientou corretamente? "
Término das aulas do dia. Sala dos professores.
A professora, em meio aos colegas de trabalho, está inconformada. Nervosa com o procedimento daquele grupo de alunos e com o aparente descaso dos pais. Planejou com tanto carinho os passos daquele trabalho! Explicou a importância da referida pesquisa, deu-lhes quatro dias... Disse-lhes que, se não houvesse material em casa, realizassem uma pesquisa oral ou fossem à biblioteca da escola, que escrevessem os textos com suas próprias palavras, enfim, confiou em sua responsabilidade e...nada funcionou! Onde estarão essas famílias que não valorizaram as obrigações escolares?
Dois espaços: saída da escola, sala dos professores
Dois grupos: pais, profissionais da educação
Ambos cobertos de razão. Quando se analisam os argumentos expostos, isoladamente, nada a contestar. A questão não parece residir aí. Surge, então, a sábia frase de Leonardo Boff: "Todo ponto de vista é a vista de um ponto". Diz tudo, não diz? Há sempre diferentes perspectivas, motivos os mais diversos para um trabalho escolar não ocorrer como o esperado, porque todos estamos sujeitos a falhas e porque nem sempre a vida corre como esperamos, como a planejamos.
O que parece chamar atenção na situação acima é a "distância" das personagens envolvidas e sua visível contrariedade e decepção. Fala-se aqui em "distância" porque ela é real, nos dias de hoje, dentro das grandes instituições escolares. Os pais, imbuídos de seu papel, na correria do cotidiano, justificam-se e transferem a responsabilidade. Os professores, tomados pelo seu dever, com a certeza de que o melhor foi feito, sentem-se irritados e magoados.
Educar não é tarefa fácil. Que o digam pais e professores. Mas ela pode se complicar ainda mais se esses dois grupos não trabalharem unidos em favor da criança. E trabalhar unido não significa despejar inquietações à porta da escola, disseminar descontentamentos, minar confiança. Trabalhar junto, também não quer dizer expor alunos diante de colegas professores, rotular grupos. Trabalho conjunto significa propiciar reuniões de esclarecimentos pedagógicos e educacionais, ou seja, comparecimento freqüente das famílias à escola. É, também, buscar auxílio imediato, junto à orientadora, ao surgir alguma questão urgente. Quantos nós não teriam sido desatados se fossem resolvidos em seu início? De que serve discursar em tribunas distantes, quando o objetivo maior é a criança?
Educadores sabem, sejam pais ou profissionais, que há pelo menos dois motivos para se agir rápido e de forma transparente: porque as crianças percebem quando falta confiança por parte de seus pais e professores e porque tudo é mais tranqüilo e eficiente quando se age no claro, à luz do dia.Quando isso ocorre, a ausência da pesquisa não causa mágoa, mas é objeto de investigação e reflexão por parte do educador....por outro lado, a impossibilidade de realização do trabalho não irrita os pais, mas é motivo para aproximar-se dessa professora ou da orientadora para pedir esclarecimento ou auxílio. É esse lúcido e equilibrado diálogo que mostra às crianças que, embora haja pontos de vista diferentes, há consenso e crença em valores essenciais para sua educação. Não há, então, acusações, há parceria. Porque dela nasce o esforço coletivo em benefício do crescimento.
Não há escola, no mundo moderno, que realize seu trabalho de forma verdadeira, se não contar com a real parceria dos pais. Não há família que consiga o desenvolvimento integral e harmônico de seus filhos, se não depositar na instituição confiança e der sua parcela de contribuição. E para que isso ocorra, pais e professores deveriam inovar, criar um espaço único de troca, que substituísse o pátio e a sala dos professores. Batizado com um nome especial, com reuniões agendadas de comum acordo...poucas, mas que criassem vínculos, que tivessem como pauta assuntos escolhidos de acordo com a necessidade.
AGRADECEMOS O SETOR PSICOSSOCIAL PELO BRILHANTE TRABALHO DE COMPROMISSO,ÉTICA E DE MOTIVAÇÃO, POIS A FAMÍLIA MANOEL ROBERTO TEM GRANDE ESTIMA E CONSIDERAÇÃO POR TODOS VOCÊS. UM ABRAÇO CARINHOSO!
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