quinta-feira, 14 de julho de 2011

O ENSINO DE SOCIOLOGIA, UM TIRO QUE PODE SAIR PELA CULATRA!

Já escrevi neste blog que o ensino da Sociologia é coisa séria. Considero esta disciplina como a mais importante para produzir cidadãos com senso crítico a partir do Ensino Médio, quem quiser fique à vontade para discordar, mas particularmente não vejo outra disciplina com esse potencial, mesmo a Filosofia, outra importante disciplina, não carrega em si tanta responsabilidade.
A Sociologia, com seu viés analítico sobre os fatos sociais, sobre as ações humanas, sobre a vivência em sociedade, com seu olhar privilegiado sobre as relações comerciais e de consumo, tem o potencial nato de apresentar diagnósticos próximos do real que sem dúvida alguma podem ser utilizados com louvor para solucionar problemas sociais graves, como a fome, o analfabetismo, a má distribuição de renda, a violência, a intolerância entre outros.
Mas todo esse potencial pode estar em risco, há algo acontecendo nas salas de aula que preocupa. O fato de se olhar para Sociologia como uma intrusa na educação brasileira, e como intrusa não se dá a ela um tratamento adequado. Acha-se que o professor responsável pela disciplina pode ser qualquer um, mesmo que com outra formação, pode assumir a título de compor carga horária. Quando se precisa de horários para desenvolver qualquer tipo de trabalho extracurricular advinha de onde se tira o tempo de aula? Da sociologia. A título de apressar a “decoreba” para testes como o ENEM no intuito de promover a imagem do colégio junto à sociedade, apressam-se conceitos sociológicos à compreensão de estudantes que estão tendo primeiro contato com a disciplina, como no caso do 1º ano do Ensino Médio, quando a primeira necessidade é contextualizar, apresentar os autores, sua biografia, seus pensamentos, fazendo com que cada estudante compreenda o porquê da existência da Sociologia e sua importância, de modo gradativo. Por tudo isso, é preocupante o que estamos vendo no ensino de Sociologia.
Pedimos calma, sabedoria e responsabilidade àqueles que cuidam da educação brasileira, sem isso, veremos uma oportunidade única de se ter uma sociedade mais consciente de seus deveres e privilégios, saindo pelo ralo, por causa do nosso imediatismo, da nossa precocidade em querer apresentar algo que ainda não temos ou não somos. Esse tipo de aprendizado requer tempo, precisa de estruturação, de base, para surtir efeito satisfatório, ou então correremos o risco de produzir seres humanos com conhecimento superficial, incapazes de desenvolver em si mesmos uma visão de mundo satisfatória. Tomemos cuidado, muito cuidado!

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