quinta-feira, 14 de julho de 2011

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA E A MERITOCRACIA

A situação da educação brasileira é mesmo preocupante. Intelectuais das mais variadas áreas demonstram preocupação com o futuro do Brasil, porque se vê a necessidade de uma transformação urgente no modo como se educa no país. É inevitável a comparação com países que conseguiram dar a volta por cima utilizando exatamente a educação do seu povo, a China é um belo exemplo disso. A Europa já a bastante tempo, pelo menos a mais de um século mostra ao mundo a importância de levar a sério essa tão importante área da sociedade. Aqui nesse espaço, estamos publicando texto acerca desse tema, hoje oferecemos um texto que é parte de uma entrevista concedida à revista Veja dessa semana do premiado matemático Jacob Palis, agraciado com o premio Balzan, um dos mais prestigiados conferidos a pesquisadores. Perguntado sobre qual a melhor maneira de trabalhar com os estudantes em sala de aula ele respondeu da seguinte maneira:
"A experiência das melhores escolas no Brasil e no exterior, mostra que uma aula pressupõe desafiar os estudantes o tempo todo, de modo que eles sejam expostos a problemas cada vez mais complexos e estimulantes intelectualmente, o avesso da decoreba. Apenas num ambiente assim se abre o espaço necessário para a inventividade. O problema é que muita gente no Brasil ainda resiste a essas ideias. Dizem que os grandes desafios causam pressão sobre estudantes tão jovens e aguçam a competitividade. Mas porque se opor à competição num ambiente escolar? Não faz sentido. Precisamos, repito, criar mecanismos para rastrear os talentos precoces para as ciências e dar-lhes todas as oportunidades e incentivos, como ocorre, há mais de um século, no mundo desenvolvido.
É tarefa que demanda persistência, mas deve ser levado a cabo. Sem isso, um país não tem como almejar aparecer entre os melhores nos rankings de produção científica e de inovação, estamos falando de uma condição básica para equacionar o déficit de cérebros brasileiros voltados para a pesquisa científica".
Percebemos no discurso de Palis uma linha bastante baseada na meritocracia como acontece nas melhorses universidades do mundo. O Brasil é conservador nesse aspecto, prefere tornar equivalente em tratamento os melhores e os piores, e acaba não estimulando os talentos que surgem em nossas instituições de ensino. No momento em que mudarmos a linha de pensamento e passarmos a investir nos talentos, dando condição desses se aprimorarem e se dedicarem exclusivamente ao estudo, assim como acontece nos países desenvolvidos, teremos a chance de mudar o quadro da produção científica brasileira.
É também preciso mudar a política de investimentos no tripé acadêmico estudo, pesquisa e extensão que no nosso país infelizmente ainda é considerado insuficiente. Em proporção ao PIB, a China investe 40% a mais do que o Brasil para a área da pesquisa, cogita-se que sairemos dos míseros 1,2% para os não menos míseros 1,8%, muito pouco para quem sonha ser um país de primeiro mundo.

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