sexta-feira, 1 de julho de 2011

MESTRES NA ARTE DE VIVER. A felicidade está logo ali


“Aquele que é mestre na arte de viver faz pouca distinção entre o seu trabalho e o seu tempo livre, entre a sua mente e o seu corpo, entre a sua educação e a sua recreação, entre o seu amor e a religião. Distingue uma coisa da outra com dificuldade. Almeja, simplesmente, a excelência em qualquer coisa que faça, deixando aos demais a tarefa de decidir se está trabalhando ou se divertindo. Ele acredita que está sempre fazendo as duas coisas ao mesmo tempo.” (Pensamento Zen, apresentado por Domenico de Masi, Sociólogo Italiano, no livro “O Ócio Criativo”)


Como seria bom se todos conseguissem ignorar as linhas divisórias que estabelecem as fronteiras entre trabalho e tempo livre. Imaginem o ganho de felicidade. Haveria também, é claro, ganho de produtividade. Mas, acima de tudo, o maior lucro seria a satisfação pessoal, a alegria de viver estaria em alta, se não em todo o tempo, na maior parte dele...


Sonho com a escola que um dia será capaz de efetivar uma relação de trabalho tão prazerosa com seus alunos, que educação e recreação se tornarão uma coisa apenas. Aprender de forma lúdica, instigante, interessante... Que professor não deseja atingir esta alquimia, criar a fórmula que transforma qualquer reles pedregulho numa pepita de outro ou mesmo água, ainda que pura e cristalina, no mais saboroso dos vinhos, o néctar dos deuses... Que alunos desejem estar nesta escola que os desafiam enquanto lhes permitem aprender, que os fazem jogar ao mesmo tempo em que ampliam seus saberes...


E quem criou as fronteiras entre o fazer produtivo e o tempo livre, aquele que as pessoas dedicam ao seu desfrute?


Foi Deus, podem dizer alguns, ainda crentes na ideia de que não depende de nós o amanhã e sim de forças maiores, desprezando nosso livre-arbítrio. Foram os capitalistas, pensam tantos outros, atribuindo a sua sanha por lucro a criação de um modelo social, no qual o que importa é ser produtivo. A responsabilidade é dos governos, alegam vários, que tudo atribuem às forças políticas que comandam, segundo pensam, todas as forças do universo, ao menos aquelas da esfera terrena...


Se há responsáveis ou culpados por termos sido expulsos do Éden, sem dúvida alguma, somos nós mesmos. Cada indivíduo é o verdadeiro e único carcereiro que tem a chave que tranca a si mesmo atrás das grades aparentemente inexpugnáveis de sua própria prisão. Sendo assim, abrir ou manter fechado o caminho para uma existência marcada pela felicidade ou pela tristeza compete exclusivamente a quem, a não ser a nós mesmos?


A distinção entre trabalho e tempo livre está, portanto, em nossa própria mente e se propaga ou permanece entre nós em virtude da incapacidade que temos de buscar caminhos alternativos, que nos permitam cruzar as rotas e tornar o dia de amanhã muito mais são, doce, alegre, saboroso...


Domenico de Masi, ao resgatar através deste belo pensamento Zen a necessidade de superarmos as barreiras que travam nossa busca pela felicidade, nos permite reviver e crer novamente nas sábias palavras do eterno Beatle John Lennon, quando afirmou que “o sonho não acabou”...


E qual é o melhor dos sonhos senão aqueles nos permitem trabalhar como se estivéssemos brincando, estudar como se fôssemos nos divertir, produzir ao mesmo tempo em que aprendemos, rezar enquanto vivenciamos de forma terna e serena o mais sublime amor... Só precisamos então, encontrar a chave para sair do cárcere, abandonar o calabouço, encontrar a luz e fazer da alegoria da caverna de Platão, mais do que metáfora, realidade...

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