segunda-feira, 21 de novembro de 2011

É ISSO AI...


Poesia é isso: raiz, ser além dos papéis que abrimos e fechamos nos livros, pintura de maestro com sua batuta na tela das melodias, passo ágil da infância cujo destino é largo como o mundo e seu devir. Ela está lá onde os seres se reagrupam e os cotidianos se tornam fonte forte de um viver possível. Na raiz da poesia, dessa que se espalha no solo de todo dia, cada realidade é fina lâmina de vida, peça singular de um vitral multicolorido. Mas é preciso saber de seus brilhos, que os caminhos não são apenas passarelas vazias, que cada ser é toque de um tom todo íntimo. De todos os seres é preciso tocar-lhes o brilho, vibrar-lhes as rimas, descobrir-lhes a matriz dos carinhos e saber que o sol, esse que atravessa dia após dia os seres e lhes chama para junto com o carisma solar, é o poeta maior, pois sabe de todas as cores e sorri para elas mesmo que dos tempos nublados só percebamos os cinzas. E são os seres em suas finas lâminas que o sol prestigia, pois delas – mesmo à mercê dos ventos arredios, dos pesados climas, dos cotidianos que incidem em costumeiros desalinhos – que a luz se reinicia, quando assim lhes atravessa a alma e a existência se reafirma num outro lado vivo, onde um tom único se desvela aos que apreciam o amanhecer e as nascentes. Sim, o sol sabe de tudo: das cores, das lâminas dos seres e dos vitrais que estes se tornam quando em conjunto se realinham. Mas quando o dia cede espaço para a noite, o sol ainda nos ensina do alto do ventre de uma lua ou nos dedilhados que as estrelas fazem no azul profundo que, no fundo, o dia nunca termina. Basta que nós saibamos ouvir o que as estrelas cintilam e sentir o que a lua em nós frutifica; que as estrelas estão aqui, brincando entre si por ladeiras e pátios barulhentos, por ruelas e quintais reverberando risos e traquinagens de alegria; que a lua, grande cúmplice que é do sol, cuida das estrelas, olha por elas e nunca as deixa esquecer que são partes de todo sol e que este nunca lhes abandona quando a escuridão parece assentar-se na vida. Basta que continuemos com o que nos ensina o sol em seu cuidado contínuo e em sua luz inesgotável, pois as estrelas – em suas finas lâminas de realidade profunda e cores diversas – estão aqui, nesse solo onde a poesia-raiz germina as cores dos nossos cotidianos e nos germina para a aquarela de uma rima sempre possível.

É com essa poesia metafórica que venho cumprimentar a todos os meus colegas, agora amigos, de trabalho. Para mim as coisas só possuem sentido quando se é criativo, diferente.

Natal e Ano Novo, é como o ensinamento do sol, são dias que nunca terminam. Com a sensibilidade que temos de educadores conscientes vamos manter viva essa chama de sentimentos. Que esse momento sirva de referência para os nossos percursos e como as estrelas, seguiremos com a certeza de que fazemos parte de um todo onde o essencial é o ser e não o ter.

Com muito carinho,

Paulo de Tarso de Araújo Leite

Primavera de 2011.

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