quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ONDE ESTÃO OS PAIS?

Costumo ouvir muitas queixas de adultos acerca do comportamento de crianças e adolescentes e para surpresa deles, eu digo que criança querer coisas erradas é normal, é da natureza, o que faz a diferença é a presença do adulto em sua vida. Adolescente querer romper as regras faz parte de um processo de normalidade da adolescência, eles tendem a querer criar suas próprias regras. Se você parasse de ler este artigo aqui, provavelmente sairia com uma péssima impressão desta pedagoga e psicanalista, que também é mãe de uma criança e um adolescente.

Vejam, digo que eles quererem é normal e faz parte do desenvolvimento deles, nós adultos permitirmos e concordarmos é outra coisa. Muitos adultos têm medo de frustrar seus filhos e são permissivos, esta educação é extremamente prejudicial para o filho e para a sociedade.

Vamos a ideias práticas:

  • A criança querer assistir a um programa de televisão que não é apropriado é natural. Querer não significa que deve fazer, e quem define se ela vai fazer ou não dentro de uma educação ética são os adultos, são os pais. Certo dia conversando sobre isso com um pai, ele disse: - mas fazer isso dá trabalho. Vejamos, os pais querem deixar nas mãos das crianças a decisão do tipo de programa que quer assistir. Educar exige tempo, requer acompanhamento. Onde estão estes pais quando os filhos assistem programas inadequados, jogam jogos que estimulam a violência? Certamente a presença do adulto é decisiva, pois quem deve decidir quando se trata de valores são os adultos que educam.

  • É comum ouvir as queixas sobre roupas inadequadas de adolescentes. Quem as compra? Não são os pais? Os pais não estão permitindo o uso quando utiliza seus recursos financeiros para adquiri-la? Os pais devem sim, ouvir sobre os gostos da criança e do adolescente na hora de comprar uma roupa, mas o limite, o princípio que vai nortear o tipo de roupa deve sim ter a intervenção do adulto responsável. Alguns alegam que se não for exatamente como ela quer não usará aquela roupa, pois bem, não compre esta roupa. Em contrapartida, o adolescente deve ter a convicção de que há limites e princípios acerca das roupas que usará sobre os quais seus pais não abrirão mão. Quando sentirem firmeza por parte dos pais, ela acabará escolhendo uma roupa adequada (do seu gosto e que atenda princípios da educação que o pais querem conduzir). “Mas depois quando ela for independente usará roupa do jeito que ela quiser”... alguns alegam. É verdade! Mas enquanto está sendo comprada pelos pais, são eles que estão aprovando e permitindo todo tipo de roupa utilizada por seus filhos.

  • Eu já vi muito menor de idade dirigindo carro, pilotando moto. Você também já presenciou cenas de menores no trânsito. Onde estão os pais destes adolescentes? Estão às vezes dentro do carro, achando engraçado e lindo seu filho de 15 ou 16 anos dirigir. Outros cedem aos pedidos do filho ou filha porque a turma tem carro. O que estes pais estão ensinando quando são permissivos? Burlar as leis, infringir princípios, mentir, dentre outras coisas prejudiciais a formação pessoal e a sociedade.

  • Quem já viu pais reclamando dos filhos porque não querem estudar? Já presenciei muitos pais reclamarem, reclamarem e reclamarem... e fazem o quê? Algumas sugestões: acompanhem a rotina de seus filhos, diminuam a quantidade de tempo na televisão, na internet, vão até a escola falar com o coordenador e receber orientação sobre o processo cognitivo, busque dar suporte quanto as dificuldades apresentadas, converse sobre os sonhos de seu filho, são os sonhos que estimulam a estudar, mais do que a reclamação dos pais. Agir exige tempo, reclamar exige menos dos pais. Vejam: reclamar sem agir é improdutivo. Aliás, tem coisa mais chata do que pai reclamão? Tem: pai reclamão que fica sem tomar atitude para redirecionar a educação dos seus filhos. Quando os pais são omissos, os filhos estão de coração aberto para receber toda a influência negativa que vem da rua. Onde você está como pai/mãe? Presente ou ausente? É preciso cuidar dos aspectos físicos (roupas, comida, casa, pagar escola), mas para que isso seja valorizado é preciso cultivar aspectos emocionais e espirituais, desde a mais tenra idade.

Estes exemplos deixam claro que a educação não é passiva, ela requer intervenção e orientação dos pais. Sem o amor que é capaz de dizer “não” aos impulsos naturais das crianças e adolescentes, os pais estarão perdidos, esperando por mágica, que certamente não ocorrerá.

Firmes, sem perder a doçura. Este princípio é antigo e funciona bem quando lidamos com nossos filhos. Atitude em favor da vida, da liberdade, dos valores e dos princípios éticos. Tudo começa nos pais.

Edileide Castro

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