quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

COMPLEXIDADE NA GESTÃO DA ESCOLA PÚBLICA: COMPETÊNCIA, HUMILDADE E ÉTICA

A gestão pública, através de seus princípios básicos e de suas múltiplas peculiaridades, torna-se complexa e desafiadora. Ao contrário da gestão convencional, a púbica não visa essencialmente o lucro, mas o correto investimento de recursos pertencentes a coletividade, respeitando princípios legais e éticos. Em se tratando de gestão de escola pública, uma série de peculiaridades configuram uma complexa rede de interesses, intenções, desejos e esperanças. Assim, administrar uma escola pública não requer apenas um(a) burocrata capaz de cumprir prazos e executar tarefas. Faz necessário um(a) gestor(a) que compreenda, não a sua importância individual mas, a relevância da instituição em que se encontra para as pessoas que nela se inserem.

Assim, dentre muitos, três valores tornam-se especialmente importantes no exercício da gestão da escola pública: competência, humildade e ética. A competência diz respeito a uma série de atribuições dentre as quais a compreensão dos fundamentos legais, do respeito e cuidado ao utilizar recursos públicos, a preocupação com a qualidade das ações empreendidas. Além disso é fundamental dispensar atenção à diversidade, tratando a todos conforme suas particularidades, garantindo a todos o direito de expressar sua diversidade. A competência do(a) gestor(a) requer habilidades em conciliar uma ampla diversidade de interesses que naturalmente se manifestam num espaço coletivo.

Noutro aspecto, o(a) gestor(a) necessita agir com humildade, como aprendente num processo humano de constante transformação: a democracia. A humildade não somente rima, mas estabelece uma forte relação com outro valor: humanidade. Portanto, ser humildade é essencialmente reconhecer-se humano(a) capaz de perceber no(a) outro(a) a esperança e o desejo de ser mais e melhor. Não no sentido da sobreposição, mas da superação de mazelas como a miséria, a violência, a exclusão. Mesmo diante da competência do(a) gestor(a), a ausência de humildade o(a) torna arrogante que por sua vez não somente rima, mas é praticamente sinônimo de ignorante.

A ética por sua vez é a expressão-síntese do comprometimento do(a) gestor(a) com as pessoas com que partilha suas esperanças, sonhos e projetos. O agir ético requer além de competência e humildade, um elevado desejo de respeitar e ser respeitado(a) diante da diversidade de sonhos, utopias e esperanças. A gestão da escola pública é também a gestão dos sonhos daqueles a quem o elementar é utópico e das esperanças daqueles que vêem nela sua melhor e única forma de garantir sua sobrevivência. O(a) gestor(a) ético(a) é pois sensível às demandas daqueles a quem foi historicamente negado o direito de esperançar. Esperançar, ao contrário de esperar, é a atitude ativa na direção de seus sonhos, melhor sustentado por uma formação qualificada numa escola pública atenta ao momento histórico vivido.

Assim cabe a(o) gestor(a) da escola pública a complexa tarefa de fazer da escola um espaço de promoção das pessoas. Para tanto é preciso que manifeste sua autoridade e estabeleça uma relação de confiança com seus parceiros fazendo-os assumir juntos um compromisso em favor da qualidade do ensino público.

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