sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

OS CÓDIGOS DA MODERNIDADE


Imagem retirada so site: http://mundobichogrilo.blogspot.com/2010/08/saude-do-beija-flor.html

Olá pessoal, hoje gostaria de compartilhar com vocês os Códigos da Modernidade.

Num total de sete, os Códigos da Modernidade, foram enumerados por Bernardo Toro.

Filósofo e educador colombiano, Bernardo Toro é um dos mais importantes pensadores da educação e democracia na América Latina. Estudou Filosofia e, depois, Física e Matemática, em cursos de licenciatura. Fez pós-graduação em Investigação e Tecnologia Educativa. É decano acadêmico da Faculdade de Educação da Pontifícia Universidade Javeriana, em Bogotá, e autor dos livros: A construção do Público: Cidadania, Democracia e Participação, Educação, Conhecimento e Mobilização e Fala Mestre: Precisamos de Cidadãos do Mundo.
É presidente da Fundação Social, entidade civil que se propõe a combater a pobreza no país. Foi consultor de reformas educativas em Minas Gerais e no Chile.

Esse século será de muito trabalho para nós, professores, e os desafios serão muitos. Nesse sentido, nos caberá o papel de mediador no processo educativo, tornando possíveis as conexões necessárias e precisas, para que o aluno obtenha a aquisição do saber.

‘Ao pensar sobre o dever que tenho como professor, de respeitar a dignidade do educando, sua autonomia, sua identidade em processo, devo pensar também (...), em como ter uma prática educativa em que aquele respeito, que sei dever ter ao educando, se realize em lugar de ser negado... é que o trabalho do professor é o trabalho do professor com seus alunos e não consigo mesmo.’ (do livro: Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa, de Paulo Freire, p. 71)

O Educador Bernardo Toro, elaborou uma lista onde identifica as Sete Competências que considera necessárias desenvolver nas crianças e jovens para que eles tenham uma participação mais produtiva no século XXI. São os chamados Códigos da Modernidade:

  • Domínio da leitura e da escrita;
  • Capacidade de fazer cálculos e resolver problemas;
  • Capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados, fatos e situações;
  • Capacidade de compreender e atuar em seu entorno social;
  • Receber criticamente os meios de comunicação;
  • Capacidade de localizar, acessar e usar melhor a informação acumulada;
  • Capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo.

Abaixo um resumo de cada uma delas:


Primeiro Código:
Para participar do século XXI, todas as crianças devem ter altas competências em leitura e escrita. A diferença atual entre essas competências por parte das crianças da Europa e da América Latina é gigantesca. O fracasso não é dos alunos, mas da escola, dos professores, dos métodos. Nós é que devemos mudar. A leitura e a escrita são hoje problema de sobrevivência. Não se admitem mais desculpas para o fato do analfabetismo.

Segundo Código:
Refere-se a altas competências em cálculo matemático e em solução de problemas de toda a ordem. Nós não temos ensinado às crianças a resolução de problemas, e é isso que precisa ser ensinado em várias áreas do conhecimento. O profissionalismo consiste em resolver problemas. A leitura e a escrita, o cálculo matemático e a resolução de problemas são aprendizagens que todas as crianças devem ter.

Terceiro Código:
Refere-se a altas competências em expressão escrita, em três aspectos: precisão para descrever fenômenos e situações; precisão para analisar e comparar; e precisão para expressar o próprio pensamento. Essas competências são fundamentais para a vida urbana. É essencial que as crianças das primeiras séries escrevam, todos os dias, pelo menos de seis a dez linhas de sua própria criação. Temos de gerar uma tradição de leitura e escrita, não apenas uma habilidade. A criança deve, diariamente, expor seu pensamento por escrito.

Quarto Código:
Consiste na capacidade para analisar o ambiente social e criar governabilidade; isso significa formação política e democracia. Governabilidade é a capacidade de um país de elaborar suas leis e cumpri-las, e a capacidade de um povo de solucionar seus próprios conflitos sem violência. Isso só é possível quando a criança aprende desde pequena a analisar, criticar e comparar ambientes sociais. Isso é formação política, e é fundamental para a produtividade. É preciso não confundir formação política com formação partidária. Formação política significa formar pessoas capazes de, junto com outras, criar a ordem que elas mesmas vão viver, cumprir e proteger.

Quinto Código:
É a capacidade para a recepção crítica dos meios de comunicação de massa. Atualmente culpamos a televisão pelo não-aprendizado das crianças. Pesquisas, entretanto, provam que a televisão desenvolve habilidades de aprendizagem, o alto nível auditivo, o alto nível de discriminação visual, a capacidade de estabelecer seqüências, de formular hipóteses, de tirar conclusões parciais e totais. Tudo isso a televisão desenvolve em alto nível. Não faz sentido desligar a televisão. Os valores, as crianças os aprendem no contato com os adultos que as rodeiam. O sistema de valores de uma sociedade emerge de seu sistema de punições e recompensas. As crianças vão valorizar a cooperação, a amizade, a solidariedade segundo o sistema de premiações dos adultos, não de acordo com o discurso desses adultos. Esse sistema de recompensas e punições pode ser explícito ou implícito. Então, o que temos que fazer é observar e discutir programas de televisão com as crianças. Alguns minutos por dia são suficientes para desenvolver nas crianças esse espírito crítico.

Sexto Código:
Refere-se à capacidade para planejar, trabalhar e decidir em grupo. Esse código exige a passagem do método frontal para o método de aprendizagem cooperativa em grupos. Todo o Ocidente admira a capacidade dos japoneses de trabalhar em grupo. Essa capacidade não se aprende na empresa; aprende-se na escola. Isso é uma cultura que não se ensina pelo discurso, pela aula magistral, mas pela aprendizagem cooperativa dos grupos.

Sétimo Código:
Relaciona-se à capacidade para localizar, acionar e usar a informação acumulada. No futuro, a criança não precisará ter o conhecimento no cérebro. O conhecimento estará materializado nos livros, computadores, vídeos, filmes, fibras óticas. O que a criança precisará é de ter capacidade para localizar, acionar e utilizar essa informação acumulada.

E é isso pessoal... É aí que me refiro sempre: Nosso papel de educadores é o de mediadores dentro desse contexto, mediando às situações de sala de aula, com situações reais. Pois o aluno acumula saberes, passa por exames, mas não consegue usar o que aprendeu em situações reais. ‘Não nos esqueçamos de que, no final das contas, o objetivo principal é democratizar o acesso ao saber e as competências. Todo o resto é apenas um meio de atingir esse objetivo.’(Revista Nova Escola, Construindo Competências, p. 21)

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